Autor: Pedro Paulo Paulino

Atuante tanto na literatura de cordel quanto na poesia erudita, com diversas conquistas em prêmios literários de âmbito nacional. Além de seu trabalho como escritor, ele também é redator e diagramador de jornais, revistas e livros, atuando dentro e fora de Canindé. Como radialista, Pedro Paulo apresenta um programa aos domingos, focado em resgatar sucessos da Velha Guarda.

Divulgação/Reprodução InternetEm um só dia a música brasileira fica duplamente enlutada. Nove de novembro. No final da manhã, espalha-se a notícia da morte de Gal Costa. E no final da tarde, a notícia da morte de Rolando Boldrin. Duas vozes que por décadas a fio alegraram os ouvidos mais refinados e emocionaram os corações brasileiros mais apaixonados e emotivos.Gal viveu 77 anos, e Boldrin, 86. Embora cantando estilos diferentes, ambos têm certa semelhança em sua trajetória, pois surgiram no meio artístico nos anos sessenta do século passado, ralaram em busca do sucesso, conquistaram um sem-número de admiradores, viraram astros consagrados…

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Antecipemos para hoje a crônica que escrevo toda sexta-feira no Portal de Notícias CNE. Neste dia dedicado aos mortos, vêm-me à lembrança aqueles que se foram e não deixaram túmulo. Isto vale tanto para os anônimos quanto para as celebridades. No primeiro grupo, existe uma vasta quantidade de pessoas, incluindo as vítimas de epidemias, de acidentes aéreos de grande proporção e os mortos nas guerras, por exemplo. No grupo das pessoas famosas, pelos menos dois grandes vultos foram enterrados não se sabe mesmo onde.De Camões, lê-se que: “Entre 1579 e 1581 grassa em Lisboa, mais uma vez, violenta peste. A…

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© Divulgação/TSE Trinta de outubro de 2022. Domingo. E lá vamos nós, novamente, milhões de brasileiros, a um lugar comum em todo o território nacional: a cabine de votação. Domingo, que é dia de praia, clube, futebol, passeio e lazer, torna-se, desta vez, um domingo cheio de responsabilidade para todos nós. Um dia dos mais sérios na vida de todo mundo. Um dia decisivo.Na cabine eleitoral, estaremos, cada um de nós, diante de um objeto de pequeno porte e grande importância: a urna eleitoral. Nela, depositaremos nosso voto e nossa confiança no candidato de nossa escolha. Um simples aperto de tecla,…

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© Arquivo pessoal/Pedro Paulo PaulinoAinda sobre o Dia da Criança, transcorrido em 12 de outubro, faço aqui algumas considerações, e pedindo licença ao caro leitor, para puxar um pouco de brasa para a sardinha da minha infância. A foto que ilustra esta crônica é uma das poucas fotos que restou da minha meninice vivida na zona rural. Na imagem, malconservada, estou sentado no balcão da bodeguinha do meu pai, um pequeno comércio de beira de estrada. E seguro um gato. Nessa época, eu tinha uma fazenda de gatos, com um rebanho estimado em cerca de dez cabeças, dos quais cuidava…

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© Carlos Silva/CNEDurante a alta estação da romaria em Canindé, no mês de outubro, há um clichê tão repetido, que é como se fosse um comando gravado no cérebro e acionado automaticamente. Trata-se do “depois da festa” – uma frase curta, mas de enorme efeito, que implicitamente e de caráter recíproco é acatada e compreendida por todos.Aquele compromisso, aquele projeto, aquela incumbência antes impreterível, aquela promessa de algo, ficam agora reservados para… depois da festa. O passeio fora da cidade, a compra de um objeto, o filme inédito, o encontro rotineiro que põe em dia a fofoca da rua, tudo…

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© Divulgação/ReproduçãoChega a Festa de São Francisco de Canindé, e com ela, as recordações. No final dos anos oitenta, por exemplo, uma das atrações mais concorridas nos festejos foi “Telma, a Mulher-Macaco”, uma imitação da famosa “Monga” que na época percorreu quase todo o Brasil.O público-alvo, em regra, eram a garotada e os rapazotes imberbes. O primeiro segmento comparecia curioso mesmo de ver a tenebrosa metamorfose. Já o segundo segmento mostrava menos interesse na transformação do que na visão da jovem Telma, de biquíni e sutiã.Perfilando-me no segundo segmento, pelo menos somente uma vez assisti ao espetáculo, em algum ponto…

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© Pedro Paulo PaulinoHouve tempo em que a cena mais comum da Festa de São Francisco de Canindé eram os comboios de caminhões, no geral cobertos de lona e vindos dos mais distantes rincões trazendo romeiros. Hoje, esses caminhões já foram substituídos pelas frotas de ônibus modernos, servidos de ar-condicionado e outros itens de conforto. Também as caravanas de romeiros a pé, vestidos em seus hábitos marrons e empoeirados se dirigindo a esta cidade, estão sendo substituídas pelas estrondosas motorromarias que a cada ano se tornam mais concorridas. Foram as caminhadas em romaria que inspiraram Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga…

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DivulgaçãoO inspirado amigo Walter Gomes, Vavá, contou-me há dias uma história que vem a ser das mais originais e criativas de uma infância privilegiada. Ouvindo seu relato, não disfarcei meu desejo de que tal história fosse legitimamente minha. Uma vez que não é, adoto-a e passo a recontá-la.Bem poucos meninos nascidos no interior, em tempo mais remoto, devem ser que não tenham brincado de aprisionar vaga-lumes nas noites de inverno no sertão. Confinava-se o inocente inseto em recipiente de vidro ou coisa parecida, para vê-lo piscar. Pois o Vavá, em certo ano de sua meninice, dedicou-se em criar vaga-lumes como ninguém…

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Marcello Casal JrAgência BrasilNo dia 7 de setembro, concomitante ao bicentenário da Independência, comemorou-se também os cem anos da radiodifusão brasileira. Em uma publicação, lê-se: “O rádio nasceu no Brasil, oficialmente, em 7 de setembro de 1922, nas comemorações do centenário da Independência do país, com a transmissão, a distância e sem fios, da fala do presidente Epitácio Pessoa na inauguração da radiotelefonia brasileira. Roquette Pinto, um médico que pesquisava a radioeletricidade para fins fisiológicos, acompanhava tudo e, entusiasmado com as transmissões, convenceu a Academia Brasileira de Ciências a patrocinar a criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, que…

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© Pedro Paulo PaulinoUma figura emblemática que perambulou por muito tempo nas ruas de Canindé e que parece não ter ficado nem mais velho nem mais moço foi o Sebastião Raposa. Como Fênix, ele parecia renascer de dentro de seus trapos sujos, com semblante emoldurado pela barba longa e maltratada e pelos cabelos longos e mais maltratados ainda, nos quais não adentraria um rastelo. Era mesmo difícil calcular-lhe a idade, mas aparentava levar uma vida plena de satisfação no seu mundo íntimo e transfigurado, fingido ou verdadeiramente avesso a tudo a seu redor. O bigode e a barba mal disfarçavam…

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