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    Home » AS PEDRAS DE SANTA LUZIA

    AS PEDRAS DE SANTA LUZIA

    Pedro Paulo PaulinoPor Pedro Paulo Paulino13/12/20242 Comentários3 minutos de leitura
    Foto: Pedro Paulo Paulino
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    Relembro, quando menino, de minha avó paterna, no anoitecer de 12 de dezembro, arrumar seis pedrinhas de sal sobre uma tábua e colocá-la sobre o beiral da casa. Assim que amanhecia, ela conferia, ansiosa, o resultado da “experiência”, que na crença sertaneja, aponta positiva ou não para o inverno vindouro no nosso semiárido cearense. Quando minha avó morreu, meu pai deu continuidade à tradição, que hoje em dia eu mantenho. Ontem mesmo realizei essa “experiência” e logo mais conto o resultado.

    Porque antes, quero crer que, de todas as simpatias, experimentos, crenças e tradições sertanejas relacionadas à previsão de chuvas, a famosa “experiência das pedras de sal” deve ser a mais curiosa, popular e antiga do nosso camponês nordestino. Dela se ocupou a literatura, a música e pesquisadores renomados. “Esta experiência é linda”, escreve Euclides da Cunha n’Os Sertões, depois de uma exposição detalhada. Euclides deve ter tomado conhecimento in loco dessa prática, quando peregrinou o sertão baiano, à época da guerra de Canudos.

    A famosa “experiência” chamou a atenção também de Silvio Romero, Veríssimo de Melo, Eloy de Souza, Phelippe e Theophilo Guerra, Walfredo Rodrigues, Gonçalves Fernandes, Getúlio César e o cearense Guilherme Studart. As pedrinhas de sal de Santa Luzia têm, portanto, seu charme e sua importância perante homens de letras.

    Ela reúne em si elementos no mínimo admiráveis. A começar pela data, 12 de dezembro, véspera do dia de Santa Luzia, a virgem mártir siciliana, Portadora da Luz, decapitada e santificada lá pelos idos do século quatro. Santa Luzia, neste caso, pertence ao rol dos santos europeus com influência forte sobre as chuvas no nosso sertão.

    Outro aspecto curioso é o uso do sal na realização da experiência. Por que não outra substância? E, o mais impressionante de tudo: das seis porções alinhadas e representando os meses de janeiro a junho, período do inverno cearense, nem todas ficam umedecidas. As que se apresentam molhadas acenam para chuvas no respectivo mês. Um amigo octogenário disse-me que, na experiência feita por ele em 12 de dezembro de 1973, ano de muita seca no Ceará, as pedrinhas de sal umedeceram a ponto de se alagar unidas. E o ano seguinte entrou para história dos aguaceiros cearenses…

    Eu gostaria unicamente de entender como os antigos tiveram sensibilidade para a realização de tão exótica sondagem do tempo por meio tão artesanal e empírico. Tal fato, por certo, deve-se à extraordinária capacidade do nosso sertanejo em buscar suas próprias soluções para seu eterno desafio com o clima, inventando seus próprios meios de sondagens e previsões.

    Sertanejo e filho de agricultor, com raízes fincadas neste solo rico de tradições e cultura seculares, por tudo isto e muito mais mantenho a tradição de tão notável “experiência” matuta. Esta manhã, quando acordei corri para ver o que dizem as pedrinhas de sal para o inverno de 2025 no Ceará. E o resultado é frustrante: amanheceram todas completamente enxutas!

    A Crônica da Semana, que escrevo às sextas-feiras, coincide hoje com o dia de Santa Luzia e também do nascimento de Luiz Gonzaga, sua Majestade o Rei do Baião, embaixador do Nordeste e porta-voz de nós sertanejos, que também retratou em sua obra a adorável experiência das pedrinhas de sal.  

    Pedro Paulo Paulino
    • Local na rede Internet

    Atuante tanto na literatura de cordel quanto na poesia erudita, com diversas conquistas em prêmios literários de âmbito nacional. Além de seu trabalho como escritor, ele também é redator e diagramador de jornais, revistas e livros, atuando dentro e fora de Canindé. Como radialista, Pedro Paulo apresenta um programa aos domingos, focado em resgatar sucessos da Velha Guarda.

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    2 Comentários

    1. PEDRO GERVÁSIO MOREIRA MARTINS sobre 13/12/2024 11:46 am

      Poeta amigo, como nordestino, cearense e com muito orgulho canindeense de 5⁰ geração, suas observações das pedrinhas de sal de Santa Luzia, deixaram-me por deveras tristonho; mas ainda temos o nosso pai adotivo, São José e o nosso chará São Pedro para nos socorrerem. Aguardemos pois o nosso rei do universo, para sabermos como será nossa quadra chuvosa.

      Responder
      • Pedro Paulo Paulino sobre 13/12/2024 5:18 pm

        Concordo, Dr. Pedro. Aguardemos as ações dos nossos protetores em relação ao inverno.

        Responder

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