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O que há de novo
Autor: Pedro Paulo Paulino
Atuante tanto na literatura de cordel quanto na poesia erudita, com diversas conquistas em prêmios literários de âmbito nacional. Além de seu trabalho como escritor, ele também é redator e diagramador de jornais, revistas e livros, atuando dentro e fora de Canindé. Como radialista, Pedro Paulo apresenta um programa aos domingos, focado em resgatar sucessos da Velha Guarda.
© Gov. do Ceará/Divulgação INBSob a brisa mansa e acolhedora da Serra do Machado, no coração do Ceará, dorme um monstro! Por absurdo que isso possa parecer, ali, naquele recanto prenhe de natureza, habitado pelas aves e por camponeses simples, adornado pelas folhas e as flores das árvores nativas, dorme um monstro feroz; um monstro dorme no seio da terra fértil daquela região serrana. No aconchego bucólico e tranquilo da serra, o monstro hiberna ao longo de incontáveis eras. Ninguém dali o incomoda nem o chama, embora saibam seu nome e tenham receio até de pronunciá-lo. Ele atende pelo nome…
Era ali, na pequena banca de zinco, situada na praça principal da cidade, aonde íamos sedentos, como um israelita à Terra Prometida. Idos de 1980. A clientela do pequeno estabelecimento, em sua maioria, eram estudantes ginasiais, oriundos de uma época remota que sequer vislumbrava ainda o milagre da tecnologia digital dos dias de hoje.A banca de jornal ou de revistas ou ambas as coisas era um ponto atrativo na praça Thomaz Barbosa, centro comercial da cidade de Canindé. Para nós, era pequeno mas precioso espaço de grandes artigos de venda. O jornal do dia, a revista da semana, a palavra…
© Pedro Paulo Paulino Há algum tempo, mais precisamente no começo de maio de 2014, a cidade de Canindé perdeu um personagem dos mais conhecidos de suas ruas. Morreu atropelado, numa manhã de domingo, João Paulo de Sousa Medeiros, o caricato Sargento Jotapê, que contava pouco mais de 30 anos de idade. Se é comprovado que a vocação não escolhe criaturas, a vocação para as armas, em seu voo cego, aterrissou de cheio na cabeça do Jotapê e dali nunca mais bateu asas. Pois se o destino não lhe favoreceu seguir seu ideal segundo a razão, de outro modo ele o…
CanvaEsse domingo, oito de maio, é um domingo especial para muitas pessoas. Comemora-se nessa data o Dia das Mães. Há, porém, nesse dia, sentimentos diferentes entre dois segmentos distintos: o dos que têm sua mamãe e o dos que a perderam. Até o começo deste ano, eu, por exemplo, me incluía na primeira categoria; agora, perfilo-me, amargamente, entre os do segundo segmento. Pois de repente, a morte, em sua sinistra e incansável peregrinação pela terra, bateu à nossa porta e levou a mulher que me deu a vida. E levou-a para sempre.Não há, portanto, em mim, comemoração alguma. Em vez…
© Pedro Paulo PaulinoA cada manhã, ele aparecia pontualmente na calçada, caminhando com a mansidão do homem realizado e feliz. Tal impressão ganhava mais realce quando ele pisava o estreito espaço da venda onde o esperava o café quente. Pois ali, com gestos nobres e simpáticos, voltado para o recinto, cantarolava coisas de outros tempos. A voz até que não era ruim, e o sucesso do dia – jamais repetido – ecoava de praxe um Nelson Gonçalves, um Orlando Silva, um Silvio Caldas, ou uma marchinha de carnaval… nada, a rigor, que não remetesse a qualquer página antiga do cantar…
© Pedro Paulo Paulino Por detrás da muralha do cemitério de Vila Campos, avista-se de longe um pé de pau-branco em plena floração sazonal. Esta é a época do ano em que essa espécie vegetal, típica da caatinga, veste-se com suas flores brancas, como uma cabeça encanecida pelo tempo. Em torno do campo-santo, ninguém o plantou. Nasceu ali espontaneamente, ou mais provavelmente, pelo trabalho de polinização de aves e também do vento, haja vista a proliferação de paus-brancos nas adjacências.Majestoso e altaneiro, o pé de pau-branco enche de vida e alegria o lugar dos mortos, já de si tão triste. Dia…
A Sexta-feira Santa chega, e com ela, regressa à memória uma enxurrada de lembranças de uma época em que este dia era mesmo sagrado. É como agora abrir um álbum de fotografias amareladas pelo tempo, testemunhando costumes que o próprio tempo tratou de dar fim. Falo da Sexta-feira Santa da minha infância, nos idos dos anos setenta e início dos oitenta do século que passou. Era um dia de penitência, puro, imaculado, inocente. Para começar, nas casas sertanejas, tinha-se por hábito, durante toda a semana santa, virar de costas os quadros de imagens sacras pendurados na parede. Esse procedimento era…
© Conhecimento Científico/GoogleCelebra-se, em oito de abril, o Dia Mundial da Astronomia. Observar o céu noturno é um hobby que me acompanha desde a adolescência e, até hoje, ainda sinto um raro prazer em ver as estrelas. Houve mesmo um tempo em que meu interesse pela astronomia despertou-me maior entusiasmo. Em Canindé, entre um grupo de imberbes já deixando o curso secundário, dividíamos horas em comentar assuntos dessa natureza, principalmente influenciados pelo astrônomo e escritor norte-americano Carl Sagan, que na década de 80 virou astro de televisão em grande parte do mundo com seu seriado Cosmos baseado em seu best-seller…
© Robyn Beck/AFPO assunto mais em voga no começo desta semana foi o tapa que o ator Will Smith aplicou na cara do comediante Crhis Rock, durante a cerimônia de entrega do Oscar, pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas norte-americana. O assunto bombou nas mídias em todo o mundo e alastrou-se nas redes sociais da internet. Por algum tempo, o fato deve ter alcançado mais visibilidade do que a guerra na Ucrânia, com suas centenas de mortos e feridos.O motivo do tabefe, como se veio a saber, foi uma piada de mau gosto que Crhis Rock, apresentador da cerimônia,…