O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Canindé (Sindsec) esclareceu, nesta sexta-feira (17), que ainda não foi deliberada a deflagração de uma greve dos servidores municipais, ao contrário do que foi divulgado inicialmente. O sindicato também informou o andamento das negociações com a Prefeitura de Canindé para solucionar o atraso no pagamento dos salários dos trabalhadores.
Apesar das tentativas de acordo, nenhuma das propostas apresentadas pelas partes foi aceita. A diretora do Sindsec, Aurenice Santiago, explicou que o principal obstáculo está em encontrar uma solução que atenda à coletividade sem comprometer as finanças municipais. Ela destacou que as propostas rejeitadas não podem ser reapresentadas, o que dificulta ainda mais as negociações.
Diante do impasse, o sindicato convocou uma nova assembleia para o dia 22 de janeiro, quando será discutida a possibilidade de iniciar uma paralisação. A direção ressaltou que qualquer greve seguirá os trâmites legais, incluindo notificação às autoridades e a garantia de serviços essenciais, como os de saúde.
O prefeito Professor Jardel enviou à categoria uma proposta de parcelamento do salário referente ao mês de dezembro, que foi rejeitada pelos servidores em assembleia. O chefe do Executivo municipal destacou os desafios enfrentados pela gestão, apontando que a dívida deixada pela administração anterior chega a R$ 29 milhões. Durante a transição, o saldo disponível no fundo geral da Prefeitura era de apenas R$ 11.
Entre os dias 1º e 16 de janeiro, os cofres municipais receberam R$ 5.937.676,25 em repasses, incluindo R$ 2.664.875,56 do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), R$ 399.993,54 do Fundo de Saúde e R$ 2.835.829,73 do Fundeb. No entanto, esse montante não é suficiente nem para cobrir a folha de pagamento de janeiro, muito menos os salários atrasados de dezembro.
Um dos maiores problemas está no Fundeb, responsável pelo pagamento de parte dos servidores, especialmente da Secretaria de Educação, que concentra o maior número de funcionários. Embora a receita de dezembro tenha sido de R$ 12,8 milhões, apenas R$ 322 mil restaram para o mês de janeiro. O prefeito apontou que, nos últimos dias do ano passado, a antiga administração realizou pagamentos volumosos a fornecedores, incluindo mais de R$ 1,5 milhão para livros e R$ 700 mil em materiais escolares, que não eram prioridade naquele momento.
Apesar da situação crítica, Jardel enfatizou que sua equipe está elaborando um plano estratégico para quitar os débitos sem comprometer os serviços básicos do município. “Sabemos da angústia dos servidores, mas estamos trabalhando para organizar as contas e trazer estabilidade a Canindé. Herdamos um município desequilibrado, mas não vamos desistir de colocá-lo de volta nos trilhos”, concluiu.
Servidores de Canindé podem entrar em greve; sindicato garante cumprimento de trâmites legais