Adeus, 2024, que assim te batizaram quando nasceste, há exatamente um ano. Chegaste radiante e saudado com festas no mundo inteiro. Agora morres, melancólico e velho. Tuas horas estão contadas. Já te ouvimos os estertores. As despedidas, em pleno curso. Os sentimentos se dividem. Em uns, deixas saudade, em outros, alívio. Quanto a mim, posso dizer que estamos desobrigados. Acompanhei-te de perto os dias e, de longe, os acontecimentos, as dores e alegrias que acrescentaste a este mundo, onde, ao contrário do que se afirma, há sempre muita coisa nova debaixo do sol.
Em teu lugar, 2024, já está pronto para tomar assento o Novo Ano, trazendo em sua bagagem toda uma escalada inédita de acontecimentos que movimentarão a fauna humana sobre o orbe terrestre, por mais 365 dias.
Todo ano já nasce basicamente velho. Sua infância talvez não passe de uma semana, e já tem início sua adolescência e maturidade. Passados alguns dias do primeiro de janeiro, os homens, em sua constante agitação, já relegam para um plano inferior as recordações e impressões do Ano Novo, que não passou de uma abstração festiva e embriagante.
Mais alguns dias seguintes, e o ano já se transforma em um personagem um tanto banal, sisudo, carregado do tédio e do ramerrão enfadonho das horas e dias sucessivos, da canseira do fardo da luta rotineira. Mas tudo isto, evidentemente, é muito relativo. De qualquer maneira, lá pelo quinto mês de vida, o ano já revela suas rugas e rabugices e queixumes e isso e aquilo, próprio de quem já se vai enfarando.
A culpa de tanta celeridade na vida do ano, quero crer, deve advir de tantos marcadores de sua passagem, em especial as efemérides. Chega uma data marcante no calendário e já temos em vista a próxima efeméride, que também passa rápido. As datas comemorativas são, dessa forma, o gatilho que dispara a passagem célere do ano, e mais ainda nesta era supermoderna digital, que faz tudo passar a uma velocidade estonteante, sob o rolo compressor do tempo.
Em todo caso, prezado 2024, pessoalmente, quero-te agradecer a oportunidade de ter-te acompanhado, passo a passo, em mais um ciclo completo do passeio da Terra ao redor do Sol. Voltando ao ponto de partida, vamos nós, uma vez mais, rumo a uma nova aventura, por nós mesmos rotulada, desta vez, de 2025.
Feliz Ano-bom!
2 Comentários
MAGNÍFICO poeta PPP.
Feliz Ano Novo, Dr. Pedro!