Apesar do crescimento nas matrículas em tempo integral e na educação profissional e tecnológica (EPT), os dados do Censo Escolar 2024 revelam um cenário preocupante para a educação básica brasileira: uma redução de mais de 216 mil matrículas em relação ao ano anterior, com a rede pública sendo a mais impactada — perdendo sozinha mais de 380 mil estudantes entre 2023 e 2024.
Os números foram apresentados nesta quarta-feira (9), em Brasília, pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), e indicam que a queda de 0,4% nas matrículas se soma a uma distribuição desigual da estrutura escolar pelo país.
Segundo o levantamento, quase metade dos estudantes da educação básica estão matriculados em redes municipais de ensino. No entanto, 31,7% dos municípios brasileiros possuem até cinco escolas, e mais da metade (52,7%) têm no máximo dez unidades. Apenas 2,1% das cidades contam com mais de cem escolas, revelando a limitação estrutural dos pequenos municípios em garantir acesso e permanência dos estudantes nas salas de aula.
Durante a apresentação dos dados, o diretor de Estatísticas Educacionais do Inep, Carlos Eduardo Moreno, alertou para a necessidade de um esforço conjunto entre os entes federativos. “Os municípios são o elo mais fraco dessa corrente. O apoio a eles, quer seja do estado ou da União, é essencial para garantir as condições necessárias para o desenvolvimento da educação no território”, enfatizou.
Apesar do discurso do ministro da Educação, Camilo Santana, reforçando o foco da atual gestão na educação básica, os dados demonstram que ainda há entraves significativos no atendimento educacional, sobretudo nas regiões com maior vulnerabilidade estrutural. A expansão do tempo integral e da EPT é positiva, mas não compensa a perda de estudantes nem resolve a fragilidade da rede municipal, que concentra grande parte da responsabilidade pela formação básica no país.
O cenário reforça a urgência de políticas estruturantes, investimento contínuo e cooperação federativa para reverter a tendência de queda e garantir educação de qualidade para todos, em todos os cantos do Brasil.