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    Home » O MONSTRO ADORMECIDO DE ITATAIA
    A Crônica da Semana

    O MONSTRO ADORMECIDO DE ITATAIA

    Pedro Paulo PaulinoPor Pedro Paulo Paulino14/03/20252 Comentários5 minutos de leitura
    Jazida onde está a mina de Itataia tem grande potencial de produção (Foto: Governo do Ceará)
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    Sob a brisa mansa e acolhedora da Serra do Machado, no coração do Ceará, dorme um monstro! Por absurdo que isso possa parecer, ali, naquele recanto prenhe de natureza, habitado pelas aves e por camponeses simples, adornado pelas folhas e as flores das árvores nativas, dorme um monstro feroz; um monstro dorme no seio da terra fértil daquela região serrana. No aconchego bucólico e tranquilo da serra, o monstro hiberna ao longo de incontáveis eras. Ninguém dali o incomoda nem o chama, embora saibam seu nome e tenham receio até de pronunciá-lo. Ele atende pelo nome de Urânio.

    Todavia, Urânio, o Monstro de Itataia, está prestes a acordar e botar para fora suas garras e vomitar seu veneno mortífero. É notícia corrente que homens poderosos vão abrir a furna do monstro e tirar proveito dele, mesmo em detrimento de todo o mal que isto possa acarretar à natureza e à vida humana. De acordo com as notícias, não demora para que Itataia, no município de Santa Quitéria, e já conhecida em todo o mundo como a maior reserva de urânio do Brasil, seja efetivamente explorada. O mapa da mina já se encontra completamente em poder de magnatas, que não medem a falta de escrúpulo quando o foco é encher o bucho insaciável do Capital.

    Antes que a exploração da perigosa jazida tenha começo, leia-se o trecho de um relatório técnico: “A mina de Itataia, em Santa Quitéria, no Ceará, antes mesmo de ser explorada, já ameaça 40 comunidades camponesas que vivem no entorno dela e correm o risco de sofrer impactos irreparáveis na saúde humana, na produção de alimentos, na diminuição e contaminação da água, enfim, no direito de ir e vir”.

    O alerta, contudo, entra por um ouvido e sai pelo outro, na cabeça dos interessados na execução do projeto, que envolve iniciativa privada e governantes. A esta altura, o leitor já deve estar se indagando: e os órgãos públicos de controle ambiental, nada fazem? Bom. Tais órgãos são controlados pelo governo; e o governo é um dos maiores interessados no negócio, por meio de uma empresa estatal apelidada de Indústrias Nucelares do Brasil, que já carrega nas costas uma lista negra de crimes socioambientais a ela atribuídos.

    Com palavras mágicas, como oferta de empregos diretos, desenvolvimento econômico da região, blablablá, os que estão de olho na mina vão embelezando as futuras vítimas da contaminação direta do solo, do ar e das águas; da radiação que causa câncer; da contaminação das águas das cisternas, já que o vento leva a poeira do urânio para o telhado das casas. Sem falar no remanejamento de moradores do local e da desestruturação social subsequente.

    Os futuros exploradores Projeto Santa Quitéria, ao que parece, não estão nem aí para as consequências funestas, mesmo porque eles não serão atingidos. Nem movimentos sociais contra, nem entidades, nem povo, nada vai impedi-los em sua sanha hedionda. Nada os faz ouvir que: “a instalação dessa atividade interfere negativamente na agricultura, na segurança e na soberania alimentar das populações. A nocividade da extração e do transporte de urânio, para a saúde, implica em efeito cumulativo no organismo, paulatinamente depositado nos ossos. A exposição à radiação pode provocar o desenvolvimento de câncer de pulmão e outros órgãos, predominante entre trabalhadores das minas”. Parece também não levarem em conta a grande quantidade de água necessária para a exploração da mina, numa região do semiárido sofrido sempre com a escassez hídrica!

    Para desconto maior dos pecados, a mina de Itataia é “rica” em dois produtos tóxicos conjugados: fosfato e urânio. O primeiro, usado como veneno no abominável agronegócio. O segundo, matéria-prima de armas nucleares e de reatores de energia nuclear. Usina nuclear atômica, num país tropical, onde o sol e o vento aí estão, como fonte inesgotável de energia limpa é, em suma, um contrassenso imperdoável.

    Os sertões de Canindé, Itatira, Santa Quitéria e adjacências terão, pois, inevitavelmente, de conviver em breve com um perigo que vem das entranhas de um elemento químico nocivo, tendo como agente a mão brutal do homem. Ainda mais, por onde passar o transporte do letal minério, em seu processo de escoamento, o perigo é iminente. Os riscos e as consequências das minas de urânio e sua utilização como fonte de energia já são bem notórias. Chernobyl, Fukushima, o vazamento de toneladas de urânio em Caetité, na Bahia, e também o Césio-37 de Goiânia parecem não nos servir de exemplo. Nem de aviso aos que pretendem – e vão – conseguir despertar o monstro adormecido de Itataia.

    * Reprise da crônica publicada em 26 de maio de 2022. Esta semana, o Projeto Santa Quitéria (PSQ) voltou a ganhar visibilidade em todas as mídias, que destacam um estudo liderado por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC), questionando a segurança da exploração da mina. Ambientalistas e outros segmentos acionaram Ministérios Públicos, em oposição ao projeto. População de Santa Quitéria também se uniu e se mobilizou em forma de protesto, durante audiência pública.

    Pedro Paulo Paulino
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    Atuante tanto na literatura de cordel quanto na poesia erudita, com diversas conquistas em prêmios literários de âmbito nacional. Além de seu trabalho como escritor, ele também é redator e diagramador de jornais, revistas e livros, atuando dentro e fora de Canindé. Como radialista, Pedro Paulo apresenta um programa aos domingos, focado em resgatar sucessos da Velha Guarda.

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    2 Comentários

    1. Irani Mattos sobre 15/03/2025 2:36 pm

      Minha nossa, quanto absurdo e falta de informação! Perigo há em toda parte, vamos deixar de explorar os bens minerais por ter riscos? Então devemos voltar para as cavernas, não utilizar mais aparelhos elétricos, celulares, carros, etc… pois tudo (ABSOLUTAMENTE TUDO!) o que utilizamos vem da mineração, vem das entranhas da terra. Fosfato não é veneno, é um macronutriente par a agricultura, como nitrogênio e potássio (NPK) e nem todo o urânio é radioativo, apenas uma parte dele, sendo que para gerar uma usina nuclear será preciso concentrá-lo em altíssimas quantidades.

      Responder
      • Pedro Paulo Paulino sobre 15/03/2025 10:13 pm

        O comentarista deve morar a milhares de quilômetros a salvo da irradiação cancerígena que advirá da exploração da mina de Itataia. Em seu caso, aconselho aproximar-se mais e muito e montar uma cabana na entrada da minha, para sentir mais de perto (e com todo o amor e defesa que mostra ter pelo urânio) os eflúvios venenosos que de lá sairão. Vá logo!

        Responder

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