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Os noticiários do mundo todo, esta semana, deram destaque a uma fantástica proeza da ciência e da tecnologia. No dia 11 de julho, foram reveladas as primeiras imagens feitas pela lente poderosa do James Webb, o mais incrível telescópio espacial, construído em parceria por agências espaciais de três países. De acordo com as informações, o sofisticado aparelho, lançado no dia de Natal de 2021, custou a bagatela de dez bilhões de dólares e está posicionado a uma distância de um milhão e meio de quilômetros da Terra, de onde ele começou a enxergar as profundezas do Universo. Daí em diante, os números são assombrosamente grandes.
Para se ter ideia, as distâncias dos objetos fotografados pelo Webb variam de milhares a milhões e bilhões de anos-luz. Como exemplo, um só punhado de galáxias visto por ele está a mais de quatro bilhões de anos-luz de distância dos nossos olhos. Em outras palavras, isto quer dizer que estamos vendo a luz que de lá partiu há mais de quatro bilhões de anos, quando por aqui o nosso planeta ainda estava engatinhando. Lampejos que, mesmo viajando na velocidade espantosa de 300 mil quilômetros por segundo, levam essa eternidade para atravessar distâncias descomunais. O olho prodigioso do James Webb viu muito mais coisa impressionante, verdadeiros ninhos de galáxias, estrelas e nebulosas, e focou objetos que estão a mais de 13 bilhões de anos-luz, ou seja, as primeiras sementes da formação do Universo, segundo aponta a teoria científica do Big-Bang. Perante o James Webb, outro telescópio, mais antigo e popular, o Hubble, tornou-se um míope, embora não perca o seu valor até hoje, pois enxerga a luz comum. O Webb, por outro lado, vê unicamente em frequência infravermelha, possibilidade que lhe permite enxergar os confins do Universo. E, inclusive, confirmou novamente previsões feitas há muitos anos, pelo laboratório cerebral humano de um raro gênio chamado Albert Einstein; como por exemplo, a curvatura da luz perante um grande campo gravitacional. Einstein ficaria maravilhado! Previsto para ter uma vida útil de dez anos, o James Web, durante esse período, permanecerá enviando imagens cada vez mais ousadas e até então inéditas para os cientistas, que generosamente estão compartilhando essas interessantes novidades para bilhões de pessoas aqui na terra. O feito também deixaria maravilhado o maior divulgador da ciência, o escritor e cientista Carl Sagan, que morreu em 1996. Ambos, Hubble e James Web, são máquinas maravilhosas construídas pela inteligência e cooperação humanas, e reafirmam, com suas façanhas e descobertas, nossa insignificante pequenez nesse imenso Cosmos de meu Deus. Máquinas de inteligência caprichosamente programada, operando no vácuo profundo, sob temperaturas de mais de 200 graus negativos. Detetives cósmicos enviados pelos humanos, a partir deste singelo grão de areia chamado Terra, um errante globo de oxigênio e água líquida e vida abundante, vagando perdidamente entre os bilhões e bilhões de mundos, à espera, ainda, do retorno de um salvador. Contudo, com o auxílio tecnológico de um olhar profundo do Universo, talvez possamos reconhecer, definitivamente, que a salvação esteja mesmo na riqueza do conhecimento acumulado pela humanidade ao longo das eras. A ciência e a tecnologia são provas cabais.
Pedro Paulo Paulino |