A lentidão do INSS em analisar benefícios, realizar perícias médicas e atender a solicitações em geral transformou a vida de milhões de brasileiros em um verdadeiro calvário. Aqueles que dependem exclusivamente do auxílio previdenciário para sobreviver encontram-se desamparados, muitas vezes enfrentando fome, desespero e até a morte enquanto aguardam respostas que parecem nunca chegar.
Casos de sofrimento humano
Histórias de pessoas que veem suas vidas desmoronarem enquanto esperam pelo INSS são frequentes. Um caso emblemático é o de Maria dos Santos, 62 anos, que sofreu um acidente doméstico e não pode mais trabalhar como diarista. Após solicitar o auxílio-doença, Maria enfrentou uma espera de mais de 10 meses para realizar uma perícia médica. Durante esse período, sem renda ou suporte, ela precisou contar com a caridade de vizinhos para se alimentar.
Outro exemplo é José Almeida, 47 anos, diagnosticado com um problema na coluna que o incapacitou para o trabalho. Sem receber o benefício por incapacidade temporária, José foi obrigado a vender os poucos bens que possuía para comprar medicamentos e sustentar a família. Sua esposa relatou que a falta de dinheiro os levou a passar dias sem comida. “Esperar pelo INSS é como esperar pela morte”, desabafa.
Dados alarmantes
De acordo com informações divulgadas pelo próprio INSS, milhões de solicitações estão represadas. Em muitos casos, os prazos legais não são cumpridos, e pessoas chegam a esperar mais de um ano por uma resposta. Os mais pobres, que não têm recursos para contratar advogados ou recorrer à Justiça contra a ineficiência do órgão, são os mais afetados.
Organizações sociais e defensorias públicas têm registrado um aumento significativo de reclamações. A Defensoria Pública da União (DPU) também destaca que o INSS tem sido alvo de inúmeras ações judiciais devido à demora. No entanto, mesmo decisões favoráveis não garantem celeridade nos processos.
A burocracia que mata
O INSS justifica os atrasos pela falta de pessoal e pela alta demanda. Entretanto, críticos apontam falhas na gestão do órgão. A digitalização dos serviços, anunciada como uma solução, acabou agravando a exclusão de pessoas mais velhas e sem acesso à internet.
Enquanto isso, milhões de brasileiros seguem com suas vidas em pausa. Pessoas já debilitadas por doenças, limitações físicas ou psicológicas enfrentam o peso adicional de um sistema que deveria protegê-las, mas as ignora.