O número de novas empresas no Ceará cresceu 11% em novembro de 2024, em comparação ao mesmo período do ano anterior, com 8.396 aberturas, segundo dados da Junta Comercial do Estado do Ceará (Jucec). Apesar do avanço, o relatório destaca desafios estruturais e desigualdades regionais que limitam o potencial de desenvolvimento econômico do estado.
Dependência do setor de serviços e baixa diversificação econômica
A predominância do setor de Serviços, responsável por 67% das aberturas, evidencia a dependência de atividades de menor complexidade econômica. Apenas 609 novas empresas foram registradas no setor industrial, destacando a dificuldade do estado em investir em setores de maior valor agregado e geração de empregos qualificados. Essa limitação compromete o desenvolvimento sustentável e a competitividade econômica do Ceará.
Concentração geográfica e desigualdades regionais
A Grande Fortaleza concentrou 66% das aberturas (5.622), enquanto regiões do interior, como o Sertão de Sobral, registraram apenas 376 novos negócios. Essa disparidade geográfica reflete o desequilíbrio no desenvolvimento regional, com o interior enfrentando dificuldades para atrair investimentos e estimular a atividade econômica.
Sustentabilidade e limitações das políticas de incentivo
Embora a redução de 9% nas extinções de empresas seja positiva, há incertezas quanto à sobrevivência das novas organizações. Especialistas apontam desafios como altas taxas de juros, carga tributária elevada e falta de acesso a crédito como barreiras à sustentabilidade. Programas como “Abre no Zap”, que facilitam o registro digital, têm sido úteis, mas ainda carecem de complementação com políticas estruturais que atendam às necessidades de médio e longo prazo, especialmente para empresas de médio e grande porte.
Avanços limitados sem políticas robustas
Apesar do aumento nas aberturas de empresas, os números mascaram desafios econômicos que impedem impactos significativos e duradouros. Sem estratégias para diversificar a economia, fortalecer setores estratégicos e reduzir desigualdades regionais, o Ceará corre o risco de estagnar, com avanços limitados ao curto prazo, sem transformação estrutural no cenário econômico estadual.