Autor: Pedro Paulo Paulino

Atuante tanto na literatura de cordel quanto na poesia erudita, com diversas conquistas em prêmios literários de âmbito nacional. Além de seu trabalho como escritor, ele também é redator e diagramador de jornais, revistas e livros, atuando dentro e fora de Canindé. Como radialista, Pedro Paulo apresenta um programa aos domingos, focado em resgatar sucessos da Velha Guarda.

Os três personagens que emprestam seus importantes nomes às festas juninas brasileiras não são nossos patrícios. Todos eles nasceram muito longe daqui e em épocas muito distantes. Mas granjearam tanta simpatia e graça do povo brasileiro, em particular no Nordeste do país, que é mesmo como se fossem filhos desta terra. O primeiro deles, Antonio de Lisboa e de Pádua, foi um europeu, contemporâneo de Francisco de Assis, e viveu, portanto, entre os séculos doze e treze, muito antes da chegada das caravelas portuguesas no Brasil. É para ele que se acende a primeira fogueira festiva de junho: quer no…

consulte Mais informação

O dia dos Namorados, ocorrido no meio desta semana, foi coroado uma vez mais pelo tom romântico e o glamour convenientes à ocasião. De modo que, para não estragar a festa, convém-nos sempre evitar comentários sobre o toque apelativo estimulado pelo comércio da troca de presentes e outros mimos, nesse período. Notadamente quando se sabe que a data foi instituída no Brasil em fins da década de quarenta do século passado, por um astucioso marqueteiro e por solicitação de uma empresa ávida por lucros. Basta dizer que, para melhor efeito, o publicitário acomodou a efeméride na véspera do dia de…

consulte Mais informação

É assim que os cearenses chamamos o encerramento da quadra chuvosa, de janeiro a junho, quando não há seca. Eu não esperava encontra-la no Aurélio, mas eis que lá está, dicionarizada melo mestre do pai-dos-burros. “Bras. CE – O fim da época chuvosa, em junho”, sintetiza o léxico. Desmembrada a expressão, temos dois substantivos e uma preposição no meio, que no dicionário foram aglutinados e viraram um único substantivo masculino plural. Fins-d’água tem sua genealogia no nosso linguajar caboclo. É patrimônio do nosso cearencês. Brotou do espírito do povo, mestre em criar seus próprios verbetes e expressões, nos quais expressa…

consulte Mais informação

Até hoje, passados já quatro anos, não é com tristeza que relembro Arievaldo Viana. Impossível recordá-lo, sem que sua presença em minha memória seja sempre aquela presença vibrante e eletrizada, cheio de motivações e alguma nova realização intelectual para apresentar. Aquele 30 de maio, em que o poeta prestou conta com este mundo e encantou-se, esse sim, foi o único e definitivo momento de profunda tristeza que dele guardarei. Não estava longe, dois anos apenas, ele havia dado à luz seu derradeiro rebento de papel, batizado No tempo da lamparina, livro de memórias, que eu poderia estimar como seu mais…

consulte Mais informação

Pelo menos desde meu tempo de rapazola, tenho por hábito cortar o cabelo com o Moésio, talvez em Canindé o mais antigo profissional ainda na ativa. Octogenário, e não há quem o diga. Durante todo esse período, se o traí alguma vez foi por força de circunstância, como aconteceu há quatro anos. Nessa ocasião, por conta da pandemia, Moésio saiu do centro da cidade e arrastou sua fiel clientela para a casa onde ele vive, num conjunto habitacional. E ali resolveu permanecer com seu salão, mesmo depois que a onda pestífera baixou a poeira. E vem mesmo de tão longo…

consulte Mais informação

É fato evidente que há um liame muito forte, inquebrantável mesmo, podemos dizer, entre amigos e livros. Dentre a infinidade de coisas que aproximam entre si determinadas pessoas, o livro é, incomparavelmente, o objeto afeiçoado em comum entre dois ou um grupo de amigos. Comentar a leitura de um livro com um colega leitor, concordando ou divergindo, é transpirar pela alma as impressões do que se acabou de ler. E deve ter sido de tais circunstância e necessidade que surgiram as chamadas academias de letras, que hoje em dia pululam por aí a torto e a direito. Nesta era moderna,…

consulte Mais informação

Em um portal de notícias, leio: “Mais de 50% dos brasileiros pretende presentear a mãe”. É isso mesmo o que, em suma, representa o Dia das Mães: uma data expressivamente comercial. Pelo menos com um mês de antecedência, o olho guloso do comércio já se volta para o segundo domingo de maio, anunciando ofertas”, “promoções”, visando ao lucro em torno dessa data. Não é o caso de não concordar que as mães são mais do que merecedoras de um dia do ano marcado no calendário. Claro! Mas, é inegável, a comemoração descamba sempre para o consumismo, o aquecimento do comércio…

consulte Mais informação

Trafegando na BR-020, topei, ocasionalmente, com ele. Trajando um balandrau franciscano, barba longa e branca, pedalando sua bicicleta e, visivelmente cheio de ânimo e feliz, já leva em conta, segundo me declara, centenas e centenas de quilômetros percorridos. Na garupa da bicicleta, avista-se um oratório com a imagem de Nossa Senhora Rosa Mística, também conhecida como Maria Rosa Mystica. Apetrechos pessoais e um depósito com um volume de cartas que lhe são entregues por onde passa, também compõem a bagagem de Everaldo de Souza Brandão, 64 anos, um viajante que está percorrendo o Nordeste, conforme afirma, com a missão de…

consulte Mais informação

Não há quem, diante do noticiário desta semana, por certo não se tenha comovido com o drama de Joca, o cachorro que perdeu a vida de forma cruel, por um erro da companhia aérea. Por ocasião da mudança de endereço do dono, Joca foi embarcado em um avião, com destino ao estado de Mato Grosso. Em vez disso, Joca foi parar em Fortaleza, e daí embarcado de volta a São Paulo. O trajeto do animal, que seria de duas horas e meia, durou pelo menos oito horas. Nessa confusão toda, Joca acabou morrendo, agonizando dentro do espaço reduzido de um…

consulte Mais informação

O que motiva esta crônica trata-se, em suma, de matéria apimentada para um bom conto de terror ou alguma outra história macabra, com ingredientes colhidos, ainda quentinhos, diretamente na fonte das escabrosidades da vida real. Na pena de um Edgar Alan Poe, teríamos aí mais uma de suas Histórias Extraordinárias. Com Mary Shelley, dona de Frankenstein, não perderíamos também uma atraente narrativa de terror. Todavia, contentemo-nos, pelo menos até o momento, com esta modesta crônica que trata de um fato registrado nesta semana, o qual, dada a sua bizarrice, ganhou o universo midiático, escapou das fronteiras do país e alcançou…

consulte Mais informação