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    O SERTÃO ENQUANTO ÉDEN

    Pedro Paulo PaulinoPor Pedro Paulo Paulino15/03/2024Nenhum comentário4 minutos de leitura
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    Foto: Pedro Paulo Paulino
    As chuvas que refrescaram o Semiárido cearense provocaram o ressurgimento da flora nativa. Diversas espécies vegetais aparentemente desaparecidas, num átimo, levantaram-se do chão fulminado pelos incontáveis dias de muito sol. A caatinga cinzenta trajou-se de verde e tornou-se copiosamente entranhada de pequenos vegetais que se enroscam nas plantas de porte mais alentado, tais como a Jurema, o Marmeleiro, o Umbu, o Pereiro, a Umburana e, mais proeminente ainda, o Pau-branco. A caatinga atinge, então, o estágio de “mata fechada”, na definição do sertanejo.
     
    Esse conjunto de gramíneas, arbustos e outros vegetais compõe um cenário harmonioso e alegre, com a predominância do verde que se espraia por todo o Sertão e rutila nas manhãs luminosas. Pois, enquanto se avizinha o Outono como estação oficial, no Nordeste, principalmente no Ceará, quem dá sinal de sua chegada é o nosso Inverno propriamente dito. Aliás, dentro dessa estação, também já se precipita a nossa Primavera, uma vez que uma grande variedade das plantas da caatinga, por esse tempo, começa a florir.
     
    É notório que a celeridade com que a mata cobre-se de folhas verdes e logo de flores as mais diversas é um aproveitamento sábio que as plantas fazem da quadra chuvosa transitória e, muitas vezes, insustentável. Desta breve chance, o que antes parecia um campo de concentração de árvores esqueléticas e calcinadas, surge um jardim exuberante e atraente aos olhos de todos.
     
    É esta, com certeza, uma das muitas particularidades das condições gerais desta região.
    A própria caatinga é em si um bioma exclusivo do Nordeste brasileiro. Muita coisa do patrimônio biológico encontrada em seu meio não é vista em mais lugar algum do mundo. É a nossa savana, dentro da qual ainda se arriscam o teiú, o preá, o tatu, o peba e, mais raramente o veado-cantingueiro, espécies que de modo heroico resistem à mira predatória dos caçadores. Nesse embate tão desigual, não tiveram a mesma sorte outras populações, entre as quais a da onça pintada, do mocó e de muitas espécies de mamíferos e aves desaparecidas da caatinga – consequência de uma catástrofe que tem a temível participação do homem.
     
    A flora, por ouro lado, parece ter levado melhor sorte, pois muitos espécimes continuam dominando o território da caatinga. Pelo mês de março, uma das primeiras plantas rústicas a botar suas flores de fora é a conhecida Erva de São João, cujo nome científico é Hypericum perforatum, um arbusto de porte ereto que pode alcançar até dois metros de altura. Os pés de Erva de São João tornam-se enfeitados de centenas, milhares de flores miúdas e amarelas generosamente fornecedoras da matéria-prima para a indústria das abelhas. Quando caem, suas flores tornam-se também iguaria apreciada de outros seres.
     
    Os pés de Erva de São João nascem isolados e formam uma comunidade dispersa, dourando os campos. Visitados pelas borboletas e pelas abelhas, e atraindo também para sua copa os bem-te-vis e galos-de-campina, durante todo o dia tornam-se o palco mais animado da natureza neste período do ano; e abrem, em consórcio com a Catingueira também de miúdas pétalas amarelas, o festival das flores no Sertão, fazendo-nos lembrar vastas bandeiras encastoadas de ouro…
     
    Nas falsas estações do Nordeste, cada planta tem isoladamente sua primavera. Em junho será a vez da Jurema, rica em flores brancas e perfumadas. Em seguida, a passarela abre-se para o Ipê (Pau d’Arco), o senhor absoluto da flora
    sertaneja. Os pés de Ipê roxo majestosos, completamente floridos, dão o toque mágico na paisagem, destacando-se, mesmo à distância do observador, como gigantes cheios de charme em meio à vegetação raquítica. É o derradeiro aceno de beleza na transição do inverno para a longa estiagem típica da segunda metade do ano. O Ipê florido é a joia mais fascinante da flora sertaneja. Enquanto dura sua floração, renova-se sempre nossa surpresa diante do grande espetáculo, autêntico presente da natureza aos nossos olhos.
     
    Concluída a floração do Ipê, encerra-se a estação das cores da caatinga. E o Éden em que se transformou o Sertão vai dando lugar ao inferno da canícula, ao cinza infinito, à monotonia angustiante da seca. Como consolo aos nossos olhos, resta ainda o Juazeiro sempre verde, como bastião invencível da resistência…

     

    Pedro Paulo Paulino
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    Atuante tanto na literatura de cordel quanto na poesia erudita, com diversas conquistas em prêmios literários de âmbito nacional. Além de seu trabalho como escritor, ele também é redator e diagramador de jornais, revistas e livros, atuando dentro e fora de Canindé. Como radialista, Pedro Paulo apresenta um programa aos domingos, focado em resgatar sucessos da Velha Guarda.

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