© Pedro Paulo Paulino |
Foi na manhã de uma sexta-feira ainda bem recente, que recebi com alegria indizível a visita do meu amigo escritor Clauder Arcanjo. Logo na chegada, recebi de suas mãos os cumprimentos; e em seguida, autografado, o mais novo livro de sua autoria, um romance, que veio se somar aos demais livros que já saíram de sua lavra. Treze ao todo. Um conjunto de obras literárias que passeiam pelo conto, a crônica, a poesia e o romance. Trabalhos escritos na melhor fatura de todos esses gêneros literários, e afora esse detalhe, apresentados com qualidade gráfica primorosa.
A razão de Acácio é o título de sua nova publicação. Uma história centrada em dois personagens, na qual Acácio é um intelectual e operário também das letras, excêntrico e reservado em seu pensar próprio. Mas isto é um trabalho para a crítica literária. Quero somente aqui me restringir ao encontro inusitado e raro com um autêntico homem de letras. E receber um livro das mãos de seu autor, é como receber das mãos do lavrador a oferta generosa do fruto da sua sementeira, cultivada com toda a dedicação e amor ao trabalho, ao longo do tempo. Seguiram-se, portanto, entre nós, minutos do mais descontraído e produtivo bate-papo, contrariando os tempos atuais de tanta salivação comumente árida e sem encanto, nos meios eletrônicos de comunicação. Falamos em poetas e escritores, de literatura genuína e de uma paixão em comum pelos livros. Enaltecemos o prazer da leitura em sua forma mais tradicional e prazerosa, por meio da celulose, da letra impressa, do contato íntimo com a tinta e o papel. E, se por algum momento, meu amigo e visitante tirou do bolso seu telefone celular, foi tão-somente para me apresentar o trabalho de um poeta também seu amigo, um artista que sabe enjaular na gaiola de Petrarca toda a sua sensibilidade, sem prejuízo algum da liberdade de pensar e versejar. Clauder Arcanjo, torno a dizer, é um autêntico homem das letras, com as quais sabe ter manuseio nato. Transmite seu pensamento com clareza, tanto pela pena quanto pela conversação fluida e simpática. E foi assim que nos deleitamos reciprocamente com uma conversa amena e a um só tempo ilustrada, principalmente, pelo seu cabedal literário. Tudo isso na sombra do alpendre, tendo como música de fundo a cantiga dos passarinhos e o sossego próprio da moradia nos ermos calmos do sertão. Testemunhando também nossa prosa de amigos, outro amigo, o chauffeur de profissão e de alcunha minimalista, Três-Pingos. Como um mensageiro literário amigo e gentil, Clauder Arcanjo veio a Canindé, naquela manhã de sexta-feira, cumprindo uma missão puramente literária e amistosa, pois antes houvera visitado o historiador Augusto Cesar Magalhães, com quem também manteve conversação animada sempre pelo espírito literário. Em seguida, marchou rumo ao meu rancho, no meio rural, presenteando-me com sua aprazível companhia e com seu livro maravilhoso; para depois, tomar o caminho e rever sua Santana do Acaraú, onde tem amarrado seu umbigo. E muito vivas, as suas mais gratas recordações. Pedro Paulo Paulino |