Taxa de analfabetismo cai de 9,6% para 7,0% em 12 anos, mas desigualdades persistem
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje, em um evento na quadra da escola de samba Unidos de Vila Maria, os resultados do Censo Demográfico 2022 relacionados à alfabetização. O evento, realizado no bairro Jardim Japão, na capital paulista, foi transmitido ao vivo pelo IBGE Digital e nas mídias sociais do Instituto, incluindo YouTube, Instagram e Facebook.
Dos 163 milhões de brasileiros com 15 anos ou mais, 151,5 milhões são alfabetizados, resultando em uma taxa de alfabetização de 93,0%. Em contraste, 11,4 milhões de pessoas ainda não sabem ler e escrever, o que representa uma taxa de analfabetismo de 7,0%. Em comparação com o Censo de 2010, as taxas de alfabetização e analfabetismo eram de 90,4% e 9,6%, respectivamente, indicando um avanço significativo na última década.
A análise por cor ou raça revelou que as pessoas brancas e amarelas têm as menores taxas de analfabetismo, 4,3% e 2,5%, respectivamente. Em contraste, as pessoas pretas, pardas e indígenas apresentaram taxas de 10,1%, 8,8% e 16,1%, respectivamente. Embora ainda existam disparidades, a diferença entre as taxas de analfabetismo de brancos e pretos caiu de 8,5 pontos percentuais em 2010 para 5,8 pontos percentuais em 2022. A redução também foi significativa entre brancos e pardos (de 7,1 p.p. para 4,3 p.p.) e entre brancos e indígenas (de 17,4 p.p. para 11,7 p.p.).
A redução da taxa de analfabetismo foi observada em todas as faixas etárias. O grupo de 15 a 19 anos registrou a menor taxa (1,5%), enquanto o grupo de 65 anos ou mais, apesar de ainda ter a maior taxa (20,3%), apresentou a maior redução desde 2000, passando de 38,0% para 20,3%.
Segundo Betina Fresneda, analista da pesquisa, “Esse comportamento reflete a expansão educacional e a transição demográfica, que substituiu gerações menos educadas por mais novas e mais escolarizadas.”
Em 2022, 93,5% das mulheres sabiam ler e escrever, comparado a 92,5% dos homens. A vantagem das mulheres é observada em todos os grupos etários, exceto entre aqueles com 65 anos ou mais, onde a taxa de alfabetização masculina é ligeiramente maior (79,9% contra 79,6%).
A taxa de analfabetismo é significativamente maior em municípios pequenos, com população entre 10.001 e 20.000 habitantes apresentando uma taxa média de 13,6%, mais de quatro vezes maior do que a taxa dos municípios com mais de 500.000 habitantes (3,2%).
Na Região Sul, a taxa de alfabetização foi a mais alta, passando de 94,9% em 2010 para 96,6% em 2022. Já a Região Nordeste registrou a menor taxa de alfabetização (85,8%), embora tenha mostrado um aumento considerável desde 2010 (80,9%).