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Há mais de uma semana, o mundo acompanha com tristeza as notícias das catástrofes naturais registradas no Marrocos e na Líbia. Terremotos e inundações, separadamente, destruíram grande parte daqueles dois países do norte da África. O saldo das tragédias representa milhares de vítimas de todas as idades, entre mortos, feridos, desaparecidos e desabrigados. A solidariedade em busca de salvar e amparar o enorme contingente de afetados pelas duas calamidades envolve esforços de diversas nações de vários continentes. A Líbia enfrenta até mesmo dificuldade para enterrar seus mortos pela catástrofe – que se calcula em torno de 20 mil.
No mesmo período, outra onda de flagelo chegou ao estado do Rio Grande do Sul, onde a fúria de um ciclone e inundações afetaram quase cem municípios, deixando um rastro de mais de 20 mil desalojados e cerca de 47 mortes até o momento, além de desaparecidos.
Sempre se soube que a Terra e seus habitantes estão suscetíveis a vários tipos de catástrofes, como tsunamis, terremotos, tempestades, vulcões, além de hipóteses mais remotas, como o choque de um asteroide e até mesmo uma invasão alienígena. Sinistros naturais comprovam por inteiro nossa impotência diante do acaso, nossa pequenez dentro do âmago da natureza e seus imensos segredos.
Preferimos sempre defender a ideia de que este mundo foi feito exclusivamente para nós, um paraíso, e que em sua superfície podemo-nos sentir seguros, levando em conta, ademais, que há um ser supremo sempre a postos para nos defender. Entretanto, diante de cada catástrofe natural, das muitas que ao longo das eras já têm devastado regiões da Terra e seus habitantes, a maioria de nós prefere emudecer de forma humilhante e nada reclamar a um ser supremo. Quando tudo corre bem, há sempre uma divindade por trás das maravilhas. Porém, quando algo dá errado, entre a criatura e o criador impera um silêncio profundo, e nota-se, entre ambas as partes, um imperdoável flagrante de omissão e consentimento.
Poucos querem admitir a eventualidade das coisas e dos fenômenos da natureza. E poucos mais ainda concordam que somos nós humanos meras partículas do acaso, vulneráveis, irremediavelmente, a todas as vicissitudes possíveis dos poderes naturais. Pois quase em circunstância alguma, nós humanos abrimos mão do nosso orgulho, da nossa pretensão de seres privilegiados, supostamente resguardados por uma força superior, invictos em nossa epopeia cega sobre este globo, onde a natureza e o Universo, indiferentes à nossa presença, de vez em quando ficam em pé de guerra.
Todavia, devemos reconhecer que, nessas horas em que a própria natureza se revolta, entra em campo um valor humano de suma importância, e que pelo seu mérito, atravessa fronteiras, supera preconceitos, rivalidades, xenofobismos, crendices e tudo o mais, com a única finalidade coletiva de salvar vidas. Essa grandeza humana chama-se: Solidariedade.
Pedro Paulo Paulino