O deputado Sargento Reginauro (União) lamentou, durante o primeiro expediente da sessão plenária desta quinta-feira (05/12) na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece), o atentado contra policial militar atingido por um tiro de fuzil, em Boa Viagem. O parlamentar criticou a gestão da segurança pública no Estado, chamando atenção para a gravidade da situação.
“O policial estava de serviço em sua viatura com outro colega. Graças a uma equipe médica extremamente competente, ele ainda está vivo. Foram mais de sete tentativas de reanimação bem-sucedidas, permitindo que fosse conduzido ao Instituto Dr. José Frota (IJF), onde se encontra estabilizado no momento, mas aguardando atualizações sobre seu estado clínico e os próximos procedimentos”, relatou.
O deputado destacou a gravidade do crime e revelou que os criminosos estão utilizando armas de grosso calibre e realizando treinamentos militares sofisticados na região. “Se um criminoso está armado de fuzil, essa arma não surgiu do nada, e quem a operou não fez isso pela primeira vez. É uma arma letal, de grosso calibre, que foi usada para atingir, na cabeça, um policial. Mais grave ainda, colegas policiais relataram que esses criminosos estão fazendo treinamentos de progressão tática, como os usados por forças armadas”, afirmou.
Reginauro questionou a demora na resposta da cúpula da segurança pública e a ausência de ações preventivas: “Se essa informação já estava no meio policial, por que não foram adotadas medidas para evitar que chegássemos ao dia de ontem? Agora, a cidade está cheia de viaturas, mas isso é agir sobre o efeito, não sobre a causa.”
Ele também criticou o funcionamento do Comitê Estratégico de Segurança Integrada do Ceará (Coesi). “Há quase dois anos venho pedindo que o comitê funcione na prática. Para que serve chamarmos o Ministério Público e o Judiciário, se os resultados efetivos não aparecem?”, questionou.
Reginauro alertou para a crescente violência dentro e fora dos presídios. “Só este ano, quatro homicídios ocorreram dentro do sistema prisional cearense. Recentemente, um líder de facção foi executado dentro de uma unidade. Isso resulta em mais guerras territoriais fora dos presídios. Quem paga o preço? A população, que perde seus bens e suas vidas”, pontuou.
O deputado abordou o limite emocional dos agentes de segurança e lamentou a falta de cobertura dos casos relatados pela imprensa. “Sabe o que acaba virando notícia? O caso de um policial que ‘perdeu o controle e agrediu’ um criminoso em Sobral. Ele não estava certo ao agir dessa forma, mas perdeu o controle emocional porque está no limite da sua honra”, destacou.
O parlamentar lamentou que, ao divulgar a história, ninguém tenha investigado a ficha criminal do indivíduo agredido, nem a de sua família, “toda envolvida no crime”. “Mas a imagem do policial acabou circulando por todo o estado e, talvez, pelo Brasil, simplesmente porque ele não suportou ser xingado e insultado por um criminoso. Ele também é humano”, desabafou.
Ao encerrar, Reginauro afirmou que visitaria o hospital para apoiar a família do policial ferido e fez um apelo ao governador. “Reveja a estratégia de segurança pública. O caminho que estamos seguindo é muito ruim.”
Em aparte, o deputado Cláudio Pinho (PDT) compartilhou a preocupação com os eventos em Boa Viagem, destacando o uso de fuzis pelos criminosos. Ele criticou a repercussão de notícias que penalizam policiais em vez de focar nos crimes cometidos pelos criminosos.
Edição: Lusiana Freire/ALECE