O rendimento mensal domiciliar per capita no Brasil alcançou, em 2024, o maior valor da série histórica iniciada em 2012, chegando a R$ 2.020. A massa de rendimento mensal domiciliar totalizou R$ 438,3 bilhões, um avanço de 5,4% em relação a 2023 e de 15% na comparação com 2019, ano anterior à pandemia. Os dados são do módulo anual da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) sobre Rendimento de Todas as Fontes, divulgado nesta quarta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar da melhora geral, as disparidades regionais seguem marcantes. O Nordeste registrou o menor rendimento per capita do país (R$ 1.319), enquanto o Sul apresentou o maior valor (R$ 2.499). Entre os estados, o Distrito Federal lidera com R$ 3.276, seguido por São Paulo (R$ 2.588) e Santa Catarina (R$ 2.544). Os menores rendimentos foram observados no Maranhão (R$ 1.078), Ceará (R$ 1.210) e Amazonas (R$ 1.231).
O rendimento de todas as fontes também bateu recorde: R$ 3.057 por pessoa com rendimento, alta de 2,9% frente a 2023. O Sul (R$ 3.576) lidera novamente, seguido pelo Centro-Oeste (R$ 3.569) e Sudeste (R$ 3.497), enquanto o Nordeste registra o menor valor (R$ 2.080). Destaca-se o crescimento expressivo nas regiões Sul (9,5%) e Nordeste (6,1%), com queda na Região Norte (-1,0%).
A parcela do rendimento do trabalho na composição do rendimento domiciliar per capita cresceu de 74,2% para 74,9% entre 2023 e 2024. Já os benefícios de programas sociais representaram 3,8% do total. A aposentadoria e pensão continuam sendo a principal fonte entre os rendimentos de outras fontes, com média de R$ 2.528.
A quantidade de pessoas com algum tipo de rendimento também bateu recorde, somando 143,4 milhões de brasileiros. Entre eles, 101,9 milhões recebiam de forma habitual pelo trabalho, e 29,2 milhões recebiam aposentadorias ou pensões.
Desigualdade recua ao menor nível da série
O índice de Gini, que mede a desigualdade de renda, caiu para 0,506 — o menor nível da série histórica. Em 2018, o índice havia atingido seu pico em 0,545. A razão entre os rendimentos dos 10% mais ricos e dos 40% mais pobres caiu para 13,4 vezes, frente a 17,1 em 2018. Já a razão entre o 1% mais rico e os 40% com menor renda caiu para 36,2 vezes, ante o pico de 48,9 vezes em 2019.
Segundo Gustavo Fontes, analista do IBGE, o desempenho positivo de 2024 se deve ao dinamismo do mercado de trabalho, aos reajustes no salário mínimo e à ampliação de programas sociais. “O rendimento cresceu mais entre os grupos de menor renda, o que contribuiu para a redução das desigualdades”, afirmou.