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Notícias dão conta de que um famoso apresentador da televisão brasileira encontra-se à mercê de um doador de coração, haja vista ter sido acometido de insuficiência cardíaca. O animador de auditório, internado há dias em um dos que se dizem melhores hospitais do país, está dependendo de compensação clínica, enquanto alcança receber a graça da doação de um coração novo. A espera, na fila de transplante, pode durar meses, em oposição à urgência do caso.
Embora detentor de uma fortuna estimada em mais de R$ 1 bilhão, o notável paciente teve que apelar para o sistema de saúde pública brasileiro, para tentar conseguir um coração. De acordo com os critérios estabelecidos para transplantes, exclusividade da rede pública de saúde, é descartada a prioridade para quem tem mais dinheiro. “A lista leva em conta a compatibilidade do doador, o tempo que o paciente está esperando e a gravidade do caso — ou seja, quanto mais alto o risco de morte, maior pontuação e prioridade a pessoa terá”, informa o noticiário.
O fato nos leva a meditar na gratuidade natural de tudo aquilo que mais precisamos para viver. Tomemos, por exemplo, o oxigênio, do qual todos nós seres vivos dependemos incessantemente. O gás vital que alimenta cada uma das trilhões de células que compõem nosso organismo é colhido de graça em qualquer recanto da superfície do planeta. Pois o ar existe em abundância na camada atmosférica que envolve a Terra. Sem oxigênio, cada um de nós tem o tempo de vida esgotado em termos de poucos minutos.
A água, outra substância indispensável, pode esperar horas e até mesmo de dois a quatro dias, para ser reabastecida em nosso corpo. Talvez porque a água, por sua vez, já dependa de nosso esforço para encontrá-la apropriada para o consumo humano.
Agora, vejamos o alimento. Segundo as estatísticas, o corpo humano pode passar dias e até semanas sem alimento. Os faquires são prova disso. E também grande parte da população mundial, em torno de dez por cento, que continuamente sofre por falta de comida. Já o oxigênio, elemento vital de primeira ordem, repetimos, não depende de esforço algum de nossa parte para obtê-lo.
O mesmo se diga da nossa saúde em geral. Nossos órgãos internos trabalham de forma incessante e espontânea, em favor do nosso bem-estar. Uma falha eventual no coração, por exemplo, pode levar ao caos essa máquina maravilhosa chamada corpo humano. O caso do apresentador de televisão, por ser um personagem marcante, é só um exemplo em meio a centenas de pacientes à espera de um coração, órgão biológico cuja engenharia extraordinária, até hoje, jamais pôde ser reproduzida artificialmente. Alcançar a dádiva de um doador, para tais pacientes, faz parte do conceito moral de que alguém morre para dar vida a outrem. Trata-se, pois, de uma circunstância que depende, acima de tudo, de cooperação, solidariedade e amor ao próximo. Coisas que o dinheiro jamais poderá comprar.
Pedro Paulo Paulino