O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quarta-feira (4) a Síntese de Indicadores Sociais 2024 (SIS), que traz uma abordagem inovadora ao apresentar a realidade das condições de vida dos brasileiros em 2023 com maior detalhamento geográfico. A nova metodologia abrange 146 estratos territoriais formados por agrupamentos de municípios contíguos dentro de uma mesma unidade da federação, permitindo uma análise mais granular e estatisticamente precisa.
O estudo experimental foca em sete indicadores, envolvendo temas como trabalho, renda, moradia e educação. Os dados foram apresentados por meio de cartogramas que destacam as desigualdades regionais em dimensões como nível de ocupação, taxa de desocupação, acesso a saneamento básico e educação, além da presença de bens duráveis e conectividade domiciliar.
Pobreza é mais acentuada no interior do Norte e Nordeste
Em 2023, cerca de 27,4% dos brasileiros viviam com menos de US$ 6,85 por dia, cerca de 41 reais, valor que define a linha de pobreza em países de renda média-alta, segundo o Banco Mundial. Os índices mais elevados foram encontrados nos estratos do Vale do Rio Purus (AM), com 66,6%, e na Baixada Maranhense, com 63,8%. Esses números contrastam com médias menores registradas em regiões metropolitanas do Centro-Oeste e Sudeste.
Mercado de trabalho revela desigualdade no Nordeste
O nível de ocupação no Brasil foi de 57,6% em 2023, com os menores índices concentrados no Nordeste, incluindo o Agreste do Rio Grande do Norte (37,6%) e o Litoral Sul de Alagoas (41,0%). Por outro lado, as regiões Centro-Oeste e Sul apresentaram melhores indicadores, superando 62%.
Saneamento básico ainda é um desafio
Embora 67,9% da população brasileira vivesse em domicílios com esgotamento adequado, estratos no Norte, Nordeste e Centro-Oeste apresentaram os piores índices. Capitais como Teresina (18,1%) e Macapá (33,6%) destacaram-se negativamente. No outro extremo, regiões como o Entorno Metropolitano de São Paulo registraram valores superiores a 90%.
Educação: metas avançam, mas desigualdades persistem
Apesar de avanços, metade dos estratos analisados apresentou menos de 71,1% dos jovens entre 18 e 29 anos com 12 anos de estudo, meta do Plano Nacional de Educação. As maiores dificuldades foram encontradas em partes do Norte e Nordeste, bem como em áreas específicas do Sul e Centro-Oeste.
Acesso a bens duráveis e conectividade ainda varia
O estudo revelou que estratos no Norte e Nordeste têm os menores índices de domicílios com máquina de lavar roupa e acesso à internet. Em áreas como o Vale do Rio Purus (AM), apenas 74,6% da população tinha acesso à internet, contra uma média nacional de 92,4%.
Nova abordagem amplia o olhar sobre desigualdades
A análise por estratos geográficos permite uma compreensão mais detalhada das desigualdades regionais no Brasil. Segundo o gerente da SIS, Leonardo Athias, o estudo oferece uma nova perspectiva ao evidenciar disparidades dentro de estados e regiões.