As investigações continuam, e os indiciados permanecem à disposição da Justiça.
A Polícia Federal (PF) indiciou nesta sexta-feira (16) o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques, além de quatro policiais, sob a suspeita de tentarem impedir o deslocamento de eleitores no Nordeste durante o segundo turno das eleições de 2022. A ação teria visado dificultar o acesso de eleitores do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva às urnas no dia 30 de outubro de 2022.
De acordo com as investigações, os indiciados teriam emitido ordens ilegais para que a PRF realizasse operações que restringissem o trânsito de eleitores, especialmente em regiões onde Lula liderava as pesquisas. Essas operações, concentradas no Nordeste, envolveram a realização de blitze policiais em estradas e rodovias, com um número de abordagens significativamente maior em comparação com outras regiões do país.
Segundo dados da investigação, no segundo turno das eleições, o efetivo da PRF no Nordeste foi de 795 policiais, enquanto outras regiões contaram com números consideravelmente menores. Além disso, o número de ônibus fiscalizados na região Nordeste chegou a 2.185, superando em muito as cifras das outras regiões.
A PF encontrou, no celular de Marília Alencar, ex-assessora de Anderson Torres e uma das indiciadas, imagens que mostravam o mapeamento de municípios com alta concentração de votos para Lula, sugerindo uma estratégia direcionada para as operações.
O indiciamento foi enviado à Procuradoria Geral da República (PGR), que analisará se há indícios suficientes para apresentar denúncia à Justiça, solicitar mais investigações ou arquivar o caso.
Defesa
A defesa de Silvinei Vasques alega que sua conduta não se enquadra no crime de violência política, previsto no artigo 359-P do Código Penal, e acredita no arquivamento do caso pela PGR. Segundo o advogado Eduardo Nostrani Simão, a preferência política não configura crime segundo o tipo penal imputado.
O caso segue em investigação pela PF, que solicitou mais prazo para aprofundar as apurações.
Prisões
O ex-diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, foi solto na semana passada após cerca de um ano preso, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou que as razões para a prisão preventiva não subsistem mais. Silvinei Vasques agora cumpre medidas alternativas, como uso de tornozeleira eletrônica e proibição de usar redes sociais.
O ex-ministro Anderson Torres também esteve preso por quatro meses, mas em relação às investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro, quando ele era secretário de Segurança do Distrito Federal.