Eu confesso, sem cerimônia alguma, a minha ignorância, nos dias de hoje, quando leio, nos portais de notícia, certas manchetes. Os portais a que me refiro são os jornais que morreram e reencarnaram em formato digital. E aqui abro um parêntese para lamentar: ah, velhos jornais de papel, que nostalgia sinto de quando os folheava e lia teu conteúdo dividido em colunas e retrancas, com tuas seções diárias e suplementos dominicais. Fecho parêntese.
Voltando ao topo, reafirmo minha completa ignorância quando me deparo com manchetes cifradas em termos e expressões de outra língua que não a nossa “última flor do Lácio”. E também quando tratam de assuntos e usos do mundo ultramoderno, alheios ao meu mundo, meio estacionado no tempo. Outra confissão: meu comodismo é orgânico e crônico e não me permite acompanhar os saltos vertiginosos das tendências e costumes hodiernos.
Mas vamos ao caso. Em um site (sítio) de notícias, leio que “Brasileira é draftada” numa competição esportiva. Para não ficar tão atrás, recorro ao Google, o moderníssimo “pai-dos-burros”, e ele me diz que “draft” quer dizer “rascunho”. Piorou. Outra: “Presa por stalkear médico”. Desta vez, professor Google é mais claro: tal palavra significa “perseguir”. Outra mais: “Entidade promove hackaton para estimular soluções”. Eita!
E essa me tira o apetite: “Brunch no Ceará vai muito além do cardápio americanizado e inclui de panelada a smoothie”. O que é brunch? O que é smoothie? De panelada, modéstia à parte, eu entendo, sentado a uma mesa do Mercado Velho de Canindé. Mas de brunch e smoothie sou ignorante total. Alguém aí, por favor, satisfaça minha ignorância, que meu apetite passou. Oh, my god!
3 Comentários
Acabo de sorver esse belíssimo texto, e fiquei-me a rir dos exemplos citados. O brasileiro tem complexo de inferioridade dos EUA, ou mesmo o de um vira lata. Nomes de lojas, de barbearias, salões de beleza, e outros a fim, tudo americanalhados.
Fico estimulado em aprender termos de minha língua. Ir atrás do que não é do nosso vocabulário, é chato.
Ir atrás de vocabulário nosso é compensador. De outro idioma, não enriquece meu vocabulário.