Os preços da indústria nacional registraram uma aceleração em julho, com uma alta de 1,58% em relação ao mês anterior, superando o crescimento de 1,26% observado em junho. Este foi o sexto resultado positivo consecutivo na comparação mensal, conforme os dados divulgados hoje (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com esse desempenho, o Índice de Preços ao Produtor (IPP) acumula uma alta de 4,18% no ano e de 6,63% nos últimos 12 meses. Em contraste, no mesmo período do ano passado, a variação havia sido negativa, com uma queda de 0,76% em julho de 2023.
Segundo Murilo Alvim, analista do IPP, a alta de julho é a maior desde maio de 2022, quando o índice variou 1,81%. “O resultado de 4,18% no acumulado do ano mostra um cenário bem diferente do de julho do ano passado, quando o índice acumulava uma queda de 7,17%”, ressalta Alvim. No acumulado em 12 meses, houve uma aceleração significativa, passando de 4,17% em junho para 6,63% em julho.
Entre as 24 atividades industriais pesquisadas, 21 apresentaram variações positivas de preço em julho, um aumento em relação às 18 atividades que registraram altas em junho. Os setores que mais se destacaram foram metalurgia (4,47%), papel e celulose (3,79%), indústrias extrativas (3,48%) e refino de petróleo e biocombustíveis (2,83%).
O setor de refino de petróleo e biocombustíveis foi o principal responsável pela variação do IPP em julho, contribuindo com 0,29 ponto percentual (p.p.) para a alta de 1,58% da indústria geral. Outros setores que exerceram influência significativa foram metalurgia (0,28 p.p.), alimentos (0,21 p.p.) e indústrias extrativas (0,17 p.p.).
A alta de 2,83% no setor de refino de petróleo e biocombustíveis foi impulsionada principalmente pelos maiores preços da gasolina, em decorrência do aumento dos preços internacionais do petróleo, e do álcool, cuja demanda cresceu em julho. Já o setor de metalurgia, que registrou uma variação de 4,47%, foi influenciado pelas altas nos preços de minerais como alumínio e ouro, além de produtos siderúrgicos, em função da valorização do minério de ferro.
O setor extrativo, com aumento de 3,48%, também foi impactado pelas altas dos preços do petróleo e do minério de ferro, cujas cotações em dólar foram potencializadas pela valorização da moeda americana frente ao real em julho.
No setor de alimentos, a variação foi de 0,86%, quarta alta consecutiva, puxada pelos aumentos no suco de laranja e no açúcar VHP, produtos com forte demanda externa. Em contrapartida, as carnes bovinas frescas e o leite longa vida, com menores custos de produção e demanda em baixa, registraram quedas nos preços.
Entre as grandes categorias econômicas, bens de capital variaram 1,28%, bens intermediários 1,93%, e bens de consumo 1,12%. A maior influência no IPP de julho veio dos bens intermediários, que responderam por 1,07 p.p. da variação total de 1,58% no índice geral.