O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender ajustes fiscais com foco em justiça social, destacando a necessidade de escolhas claras sobre prioridades orçamentárias. Em entrevista nesta terça-feira (24), ele lembrou que o Brasil segue entre os dez países mais desiguais do mundo e reforçou que mudanças na arrecadação devem mirar setores com maior capacidade contributiva.
Um dos alvos da crítica do ministro são as casas de apostas eletrônicas, conhecidas como bets. Segundo ele, esse segmento passou anos sem pagar impostos. “Entre a bet e a Santa Casa, vamos combinar, um está destruindo vidas, a outra está construindo vidas. Você vai isentar os dois? Isenta a Santa Casa e cobra o imposto de bet”, afirmou.
A medida provisória enviada pelo governo ao Congresso propõe retomar a alíquota de 18% sobre o saldo não distribuído entre apostadores, em vez dos 12% aprovados anteriormente pelo Legislativo. Haddad aponta que o governo anterior deixou de arrecadar R$ 40 bilhões do setor. “Na minha opinião, 18% é o mínimo que tem que ser cobrado dessas casas de aposta, que ganham muito dinheiro sem gerar emprego”, afirmou.
Cautela com novos gastos
Haddad também se posicionou contra o aumento de despesas públicas que não sejam essenciais. Ele criticou a proposta de ampliação do número de deputados federais, que tramita no Congresso. “Nenhum aumento de gasto é bem-vindo, a menos que seja absolutamente imprescindível para o funcionamento do país”, disse. O ministro questionou se a medida teria alguma relação com a saúde pública ou com emergências, como a tragédia no Rio Grande do Sul.
O ministro avaliou que o Legislativo tem recebido com mais abertura as propostas do Executivo. E, apesar das preocupações com os conflitos no Oriente Médio, disse que não há impactos relevantes para o Brasil até o momento, devido à diversificação das relações comerciais do país.