Enquanto o governo federal prioriza a votação de reformas e ajustes econômicos no Congresso, o custo da cesta básica continua pressionando o orçamento das famílias brasileiras. Levantamento do Dieese aponta que, em janeiro, os preços subiram em 13 das 17 capitais analisadas, com aumentos expressivos em Salvador (6,22%), Belém (4,80%) e Fortaleza (3,96%). Em São Paulo, onde a cesta básica atingiu R$ 851,82, o valor representa 60% do salário mínimo de R$ 1.518.
Mesmo diante desses dados alarmantes, o governo segue focado em sua pauta legislativa, sem apresentar medidas concretas para aliviar o impacto da inflação sobre os alimentos. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), destacou a intenção de aprovar a “reforma da renda” e consolidar a reforma tributária, enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pretende avançar na chamada microrreforma econômica. No entanto, o discurso de crescimento econômico contrasta com a realidade da população, que enfrenta um salário mínimo insuficiente para cobrir as necessidades básicas.
De acordo com o Dieese, para suprir os gastos de uma família de quatro pessoas com alimentação, moradia, saúde e outros itens essenciais, o salário mínimo deveria ser de R$ 7.156,15 — mais de quatro vezes o valor atual. Enquanto isso, os preços seguem elevados, impactando principalmente os mais pobres.
A insistência do governo em discutir reformas estruturais sem resolver problemas imediatos, como o alto custo de vida, evidencia um distanciamento da realidade enfrentada pela população. Sem medidas concretas para conter a inflação dos alimentos e garantir um poder de compra digno, a agenda econômica do governo corre o risco de beneficiar apenas o setor financeiro, deixando os trabalhadores à mercê da alta dos preços.