21O Ministério da Fazenda elevou para 2,4% a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2025. A estimativa anterior era de 2,3%. Os dados constam no Boletim Macrofiscal da Secretaria de Política Econômica (SPE), divulgado na última segunda-feira (19). Para os anos seguintes, a expectativa é de crescimento em torno de 2,6%.
A revisão da projeção do PIB foi impulsionada por uma expectativa maior de crescimento no primeiro trimestre e pelo aumento estimado da safra agrícola. Segundo a subsecretária de Política Macroeconômica da SPE, Raquel Nadal, o setor agropecuário deve crescer 6,3% em 2025. A indústria terá alta de 2,2% e o setor de serviços, de 2%.
A subsecretária também apontou os impactos esperados de políticas estruturantes, como a reforma tributária e a chamada transformação ecológica, como fatores positivos para os próximos anos.
Inflação deve desacelerar até dezembro
A projeção para a inflação oficial do país (IPCA) subiu de 4,9% para 5% em 2025. A alta nos preços de serviços e bens industriais, além da inflação de alimentos, influenciaram na revisão. A SPE, no entanto, prevê uma desaceleração nos próximos meses, com o IPCA chegando a 5% em 12 meses já em setembro.
A expectativa é de que a inflação de alimentos caia até o fim do ano, acompanhando a retração dos preços de itens como arroz, feijão, carnes e óleo de soja. A inflação de serviços também deve recuar, puxada por uma política monetária mais restritiva e pelos efeitos retardados do aperto nos juros.
Já para 2026, a inflação projetada é de 3,6%, dentro do intervalo da meta do Conselho Monetário Nacional.
Mercado de trabalho ainda aquecido
Mesmo com a política monetária mais rígida, a taxa de desemprego segue próxima aos menores níveis da série histórica. A SPE observa, no entanto, uma leve desaceleração no ritmo de geração de empregos e da massa salarial, o que deve ajudar no controle da inflação.
Impactos externos e oportunidades
No cenário internacional, o governo avalia que tensões comerciais e novas tarifas podem afetar o comércio global, mas também abrir oportunidades para o Brasil. Com a imposição de tarifas dos Estados Unidos a outras economias, produtos brasileiros podem se tornar mais competitivos.
O secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, avalia que o Brasil pode se beneficiar da realocação de cadeias produtivas e atrair investimentos. “Podemos ganhar mercados e impulsionar nossa atividade produtiva”, disse.
Resultado primário melhora nas projeções
No campo fiscal, o Prisma Fiscal de maio mostrou uma revisão positiva para o resultado primário. A previsão de déficit caiu de R$ 80 bilhões para R$ 72,7 bilhões. O valor já indica, segundo o governo, o cumprimento da meta fiscal, uma vez que não considera o impacto dos precatórios, que somam R$ 44,1 bilhões e serão desconsiderados para fins de apuração da meta.
Débora Freire, subsecretária de Política Fiscal da SPE, destacou que essa é a sexta melhora consecutiva nas projeções do mercado para o resultado primário. “Isso mostra maior confiança na trajetória das contas públicas”, afirmou.
As projeções oficiais se baseiam em um cenário de câmbio a R$ 5,86. Caso a cotação se mantenha mais próxima de R$ 5,70, como indicado pelo Copom em maio, a inflação prevista poderá recuar ainda mais.