O Ministério das Relações Exteriores (MRE) anunciou que pedirá explicações ao governo dos Estados Unidos sobre o tratamento considerado degradante dispensado a 88 brasileiros deportados, que chegaram a Manaus algemados nos pés e mãos. A decisão foi tomada após reunião entre o ministro Mauro Vieira, o delegado Sávio Pinzón, da Polícia Federal, e o major-brigadeiro Ramiro Pinheiro, do 7º Comando Aéreo Regional.
Os deportados deveriam ter desembarcado em Belo Horizonte, mas o voo apresentou problemas técnicos e pousou na capital amazonense. Ao chegar, os brasileiros foram liberados das algemas pela Polícia Federal, sob orientação do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que também proibiu qualquer tentativa das autoridades americanas de mantê-los detidos.
Em nota, o MRE afirmou que o uso de algemas e correntes violou termos de um acordo bilateral com os Estados Unidos, que prevê tratamento digno e humano aos repatriados. Além disso, a aeronave apresentava falhas técnicas, como pane no sistema de ar condicionado, o que gerou revolta entre os passageiros.
O governo brasileiro classificou o ocorrido como inaceitável e destacou que os voos de repatriação, iniciados em 2018, visam abreviar a permanência dos cidadãos em centros de detenção nos EUA. O Itamaraty reforçou que acompanhará mudanças nas políticas migratórias norte-americanas para proteger os direitos dos brasileiros residentes no país.
Por determinação do presidente Lula, o transporte dos deportados de Manaus a Belo Horizonte foi realizado em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), que pousou no Aeroporto Internacional de Confins na noite de sábado (25). A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, esteve presente para recepcioná-los.