Onélia Leite, esposa do ministro da Educação, Camilo Santana, e aliada próxima do governador do Ceará, Elmano de Freitas, tomou posse nesta quinta-feira (19) como conselheira do Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE). Durante a cerimônia, Onélia destacou seu compromisso com a fiscalização da aplicação dos recursos públicos, afirmando que a nova posição representa “uma das mais altas e desafiadoras funções da administração pública”.
Apesar do tom institucional e das credenciais apresentadas, a nomeação de Onélia Leite ao TCE tem gerado questionamentos sobre a independência e imparcialidade do órgão. A proximidade da nova conselheira com figuras centrais do governo estadual e federal, como o governador Elmano de Freitas e seu próprio marido, Camilo Santana, levanta dúvidas sobre a autonomia do tribunal, cuja principal função é fiscalizar as contas públicas estaduais e municipais.
O Tribunal de Contas do Ceará, presidido por Rholden Queiroz, é descrito como uma instituição “guardiã da integridade da administração pública”. No entanto, a posse de Onélia Leite ocorre em meio a um cenário político onde relações de proximidade e alianças partidárias podem comprometer a credibilidade do órgão perante a sociedade.
O cargo de conselheiro do TCE é vitalício, com elevada remuneração, e muitas vezes é apontado como um espaço de influência política. Especialistas têm alertado para o risco de o tribunal, que deveria atuar como um fiscal independente, tornar-se uma extensão de interesses governamentais.
Onélia Leite possui formação acadêmica robusta, com graduações e especializações em áreas como Gestão Pública e Desenvolvimento Infantil. Ela também acumulou experiências na administração pública como secretária de Juazeiro do Norte e idealizadora de programas estaduais voltados à infância.
No entanto, sua trajetória também é marcada pela atuação como primeira-dama do Ceará durante os mandatos de Camilo Santana, posição que fortaleceu seu vínculo político com lideranças do estado. Sua nomeação ao TCE reforça a percepção de que o órgão é suscetível a interferências político-partidárias, dado o contexto de sua proximidade com o atual governador Elmano de Freitas, que apoia abertamente Camilo Santana.
A posse de Onélia ocorre em um momento em que a sociedade brasileira exige maior transparência e independência das instituições públicas. A presença de figuras com laços tão estreitos ao poder no Tribunal de Contas do Ceará pode dificultar a confiança do público na eficácia da fiscalização do uso dos recursos públicos.
Embora Onélia tenha declarado em sua posse que pretende atuar na “prevenção e fiscalização” de irregularidades, críticos argumentam que sua nomeação enfraquece a imagem de um tribunal independente, comprometendo sua capacidade de zelar pela boa gestão do orçamento público.