O Governo do Ceará realizou, nesta terça-feira (13), a entrega de mais de 5 mil tablets para estudantes da rede estadual de ensino, em um evento marcado por discursos de inclusão digital e promessas de transformação educacional. No entanto, enquanto o governador Elmano de Freitas exaltava a conectividade e o acesso ao conhecimento, os moradores de Caridade lidam com uma realidade bem diferente: ataques a provedores de internet, ameaças de facções criminosas e serviços instáveis.
Nos últimos meses, provedores de internet que atendem o município foram alvo de vandalismo e sabotagem por parte de criminosos, que destruíram caixas de transmissão, antenas e redes de fibra ótica. O resultado foi uma população sem acesso à internet, comprometendo atividades essenciais como educação, trabalho remoto e até o acesso a serviços públicos.
O governo estadual, que investiu mais de R$ 2,2 milhões apenas na distribuição de tablets para a região, parece ignorar que, sem segurança e infraestrutura estável, o impacto desses equipamentos será limitado. Para muitos estudantes, o tablet pode se tornar apenas uma peça eletrônica sem utilidade, já que a conectividade permanece sob constante ameaça.
No evento, Elmano de Freitas destacou que a entrega dos dispositivos faz parte de uma política pública de inclusão digital. “Se o filho do rico tem, o filho da classe média tem, então o filho do pobre também terá para aprender, para se conectar”, afirmou o governador. No entanto, a promessa de conexão e inclusão contrasta com a realidade de uma cidade onde o acesso à internet depende da resistência dos provedores locais ao crime organizado.
Enquanto as autoridades estaduais comemoram números e investimentos, moradores de Caridade pedem o básico: segurança para que possam estudar, trabalhar e viver sem medo. A Operação Strike, realizada pela polícia para prender suspeitos dos ataques, foi um passo importante, mas a sensação de insegurança ainda é constante.
Sem uma política integrada que garanta tanto a segurança quanto o acesso à tecnologia, ações como a entrega de tablets correm o risco de se tornarem apenas propaganda política, desconectadas da realidade vivida pela população.