Após encerrar 2024 acima de R$ 7,3 trilhões, a Dívida Pública Federal (DPF) deverá atingir entre R$ 8,1 trilhões e R$ 8,5 trilhões até o fim de 2025. As estimativas foram divulgadas nesta terça-feira (4) pelo Tesouro Nacional, junto ao Plano Anual de Financiamento (PAF) da dívida pública.
A previsão reflete mudanças na composição da dívida. O governo planeja reduzir a fatia dos títulos prefixados e aumentar a participação dos papéis atrelados à taxa Selic, que está no nível mais alto dos últimos dois anos. A parcela da DPF vinculada à Selic deverá ficar entre 48% e 52%, contra 46,29% em 2024. Já os títulos prefixados devem representar de 22% a 26%, mantendo-se estáveis em relação aos 21,99% atuais.
A fatia dos papéis corrigidos pela inflação está estimada entre 25% e 29%, enquanto a dívida vinculada ao câmbio, referente à dívida pública externa, ficará entre 3% e 7%. Em 2024, a DPF observou um aumento expressivo na participação dos títulos atrelados à Selic, que subiram de 39,66% para 46,29%, impulsionados pela alta dos juros. A fatia dos papéis prefixados caiu de 26,53% para 21,99%, uma mudança que reflete a fuga dos investidores desses títulos mais suscetíveis a oscilações do mercado.
Os papéis corrigidos pela Selic aumentam o risco da dívida pública, já que quando o Banco Central eleva os juros, a parte da dívida vinculada a essa taxa sobe imediatamente, ampliando o endividamento do governo. Em contraste, os títulos prefixados garantem maior previsibilidade ao Tesouro, já que os juros são definidos no momento da emissão.
Aumento no prazo da dívida e garantias para pagamento
O PAF também prevê um aumento no prazo médio da dívida, que deverá ficar entre 3,8 e 4,2 anos até o fim de 2025, considerando o valor médio de 4,05 anos ao término de 2024. Já a parcela da dívida que vence dentro de 12 meses será de 17% a 21%.
O Tesouro Nacional também tem mecanismos de segurança para garantir a capacidade de financiamento do governo em caso de crises econômicas. O governo conta com reservas internacionais suficientes para cobrir os vencimentos da dívida pública externa, que totalizam R$ 61,22 bilhões em 2025. Além disso, existe um colchão financeiro de R$ 860,15 bilhões, equivalente a 6,24 meses dos vencimentos da dívida interna.
O Tesouro Nacional utiliza a emissão de títulos para captar recursos e financiar os compromissos do governo, oferecendo retorno aos investidores que pode ser baseado na Selic, na inflação, no câmbio ou com taxas prefixadas, definidas antecipadamente.