A taxa de desocupação no Brasil atingiu 6,5% no trimestre de novembro de 2024 a janeiro de 2025, conforme dados da PNAD Contínua, divulgada nesta terça-feira (27) pelo IBGE. O índice representa um aumento de 0,3 ponto percentual em relação ao trimestre anterior (6,2% de agosto a outubro de 2024), marcando a segunda alta consecutiva após o menor nível da série histórica registrado entre setembro e novembro (6,1%).
A pesquisa apontou que cerca de 7,2 milhões de pessoas estavam desocupadas, um aumento de 5,3% (ou mais 364 mil desempregados) em relação ao trimestre móvel anterior. No entanto, na comparação com o mesmo período do ano passado (8,3 milhões de desocupados), houve uma redução de 1,1 milhão de pessoas, representando um recuo de 13,1%.
Emprego e nível de ocupação
O número de pessoas ocupadas no Brasil foi estimado em 103 milhões, uma queda de 0,6% (641 mil trabalhadores a menos) em relação ao trimestre anterior. Apesar da redução, na comparação com o mesmo período do ano passado, houve um crescimento de 2,4%, o equivalente a 2,4 milhões de novas vagas.
O nível de ocupação – que mede o percentual de trabalhadores na população em idade ativa – ficou em 58,2%, 0,5 ponto percentual abaixo do trimestre anterior, mas 0,9 p.p. acima do registrado um ano antes (57,3%).
Segundo William Kratochwill, analista da pesquisa, a taxa de 6,5% ainda é inferior à do mesmo trimestre de 2024 (7,6%), evidenciando uma evolução positiva do mercado de trabalho. No entanto, o aumento trimestral foi o maior desde 2017 (0,8 p.p.), igualando o registrado em 2019.
Informalidade tem leve queda
A taxa de informalidade recuou para 38,3%, representando 39,5 milhões de trabalhadores. Esse índice foi inferior ao observado no trimestre anterior (38,9%) e no mesmo período do ano passado (39,0%).
A redução da informalidade foi impulsionada pela queda no número de trabalhadores sem carteira assinada (13,9 milhões), enquanto o contingente de trabalhadores por conta própria (25,8 milhões) se manteve estável.
Por outro lado, o número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado ficou estável no trimestre, mas cresceu 3,6% na comparação anual, atingindo 39,3 milhões de pessoas.
Setores que mais perderam e ganharam empregos
Nenhum dos dez setores analisados pelo IBGE teve aumento na ocupação na comparação com o trimestre anterior. Dois deles registraram queda no número de empregados:
- Administração pública, saúde e educação: queda de 2,5% (469 mil empregos a menos);
- Agricultura, pecuária e pesca: redução de 2,1% (170 mil vagas a menos).
Já na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, cinco setores tiveram crescimento no número de trabalhadores:
- Comércio e reparação de veículos: alta de 3,4% (654 mil empregos a mais);
- Indústria geral: crescimento de 2,7% (355 mil vagas);
- Construção: aumento de 3,3% (246 mil novos postos de trabalho);
- Atividades financeiras e imobiliárias: expansão de 2,9% (373 mil novas contratações);
- Administração pública, saúde e educação: crescimento de 2,9% (523 mil novos empregos).
Rendimento e massa salarial dos trabalhadores
O rendimento médio real dos trabalhadores ficou em R$ 3.343, crescimento de 1,4% em relação ao trimestre anterior e de 3,7% na comparação anual. Já a massa salarial – soma de todos os rendimentos do trabalho – atingiu R$ 339,5 bilhões, estável no trimestre, mas com alta de 6,2% em relação ao ano anterior.
Para o analista William Kratochwill, esse crescimento na massa salarial pode ser explicado pelo aumento da população ocupada e pela valorização dos salários, apesar da leve queda no número de trabalhadores no último trimestre.