A taxa de desocupação no Brasil alcançou 7% no primeiro trimestre de 2025, registrando aumento em 12 das 27 unidades da federação na comparação com o último trimestre de 2024. Os estados de Pernambuco (11,6%), Bahia (10,9%) e Piauí (10,2%) apresentaram as maiores taxas de desemprego, enquanto Santa Catarina (3,0%), Rondônia (3,1%) e Mato Grosso (3,5%) ficaram com os menores índices. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o analista da pesquisa, William Kratochwill, o aumento na taxa de desocupação é um movimento sazonal, causado principalmente pelo fim dos contratos temporários de fim de ano. “Mesmo com essa alta, o mercado de trabalho mostrou resiliência. O crescimento de 0,8 ponto percentual na desocupação é menor que a média histórica para esse período, que é de 1,1 ponto. Isso garantiu que essa fosse a menor taxa para um primeiro trimestre em toda a série histórica da pesquisa”, explicou.
Mulheres e negros enfrentam mais dificuldades
O levantamento do IBGE revela ainda que as mulheres seguem com maior dificuldade de inserção no mercado de trabalho. No primeiro trimestre de 2025, a taxa de desocupação entre elas foi de 8,7%, enquanto para os homens ficou em 5,7%. As desigualdades também se refletem na cor ou raça: a taxa de desocupação foi de 5,6% para brancos, mas subiu para 8,4% entre pretos e 8,0% entre pardos.
Desemprego de longa duração recua, mas informalidade preocupa
O número de pessoas em busca de trabalho há dois anos ou mais caiu para 1,4 milhão, o menor patamar para um primeiro trimestre desde 2015. Por outro lado, a informalidade segue elevada, alcançando 38% da população ocupada no Brasil. Maranhão (58,4%), Pará (57,5%) e Piauí (54,6%) registraram as maiores taxas de informalidade, enquanto Santa Catarina (25,3%), Distrito Federal (28,2%) e São Paulo (29,3%) apresentaram os menores índices.
Para William Kratochwill, o nível de informalidade reflete o grau de maturidade econômica de cada estado. “Regiões mais industrializadas e economicamente complexas, como o Sudeste e o Sul, geram mais empregos formais, enquanto estados com menor desenvolvimento econômico ainda dependem fortemente do trabalho informal”, pontuou.
Rendimento médio aumenta no Sul e no Nordeste
O rendimento médio real de todos os trabalhos alcançou R$ 3.410 no primeiro trimestre de 2025, uma alta em comparação ao trimestre anterior (R$ 3.371) e ao mesmo período de 2024 (R$ 3.279). As maiores altas foram registradas nas regiões Sul (R$ 3.840) e Nordeste (R$ 2.383), enquanto as demais regiões apresentaram estabilidade.
A massa de rendimento real habitual no país ficou em R$ 345 bilhões, estável em relação ao trimestre anterior, mas com crescimento de 6,6% na comparação anual. O Sudeste concentrou a maior massa de rendimento (R$ 174,9 bilhões), enquanto o Norte registrou o menor volume (R$ 21,1 bilhões).
Carteira assinada é realidade para menos de 75% dos empregados
Entre os empregados do setor privado, 74,6% têm carteira assinada. Santa Catarina (87,8%), São Paulo (83,4%) e Rio Grande do Sul (81,5%) lideram no índice de formalização, enquanto Maranhão (51,8%), Piauí (52,0%) e Pará (55,1%) apresentaram os menores percentuais.
A pesquisa também revelou que 25,3% da população ocupada no país trabalha por conta própria, sendo Rondônia (35,6%), Maranhão (32,7%) e Amazonas (31,2%) os estados com os maiores percentuais.
O que é a PNAD Contínua?
A PNAD Contínua é a principal pesquisa do IBGE sobre o mercado de trabalho brasileiro. Realizada trimestralmente, a pesquisa abrange mais de 211 mil domicílios em 3.500 municípios, investigando as condições de emprego, desemprego, informalidade e rendimento da população em todo o país.