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Quando ainda nos parece ouvir o ribombar e ver o colorido dos fogos de artifício nos festejos do fim do ano que passou, damo-nos conta de que já estamos cavalgando no espinhaço do ano que era novo. O primeiro semestre de 2023 já é página virada. A publicação desta crônica, a cada sexta-feira, coincide hoje com o derradeiro dia do mês de junho. O mês das fogueiras e dos namorados fecha as cortinas, e o ano marcha agora para uma nova etapa, no embalo do ritmo desenfreado do tempo, que parece a cada dia mais pressuroso.
O impacto de tanta novidade e diversidade tecnológica no nosso dia a dia deve ser o fator psicológico de maior peso na nossa sensação de que o tempo está correndo rápido demais. O turbilhão de informações nos meios eletrônicos, as atenções concentradas ou dispersas na imensa rede chamada internet, talvez absorvam de tal forma a mente, que o tempo nos prega a ideia de que voa como uma bala. Mas o tempo é, por certo, a maior das abstrações. Talvez o tempo nem passe e esteja eternamente estacionado. As coisas, vivas e não vivas, é que se vão consumindo no imenso funil do tempo.
O que se sabe, de verdade, é que o tempo tem sido objeto de questionamento para as mentes mais poderosas já concebidas na face da terra. Isaac, aquele inglês que descobriu a força da gravidade ao lhe cair uma maçã sobre a cabeça, afirmou que o tempo é absoluto. Muito tempo depois, outro gênio, o alemão Albert, que se deixou fotografar com a língua de fora, afirmou, por sua vez, que o tempo é relativo. E deve ser mesmo. A Terra está girando feito uma carrapeta, com suas engrenagens imaginárias perfeitamente besuntadas. Segundo as medições mais sofisticadas, em torno dela mesma, a Terra rodopia a mil seiscentos e tantos quilômetros por hora. E em torno do Sol, a mais de cem mil quilômetros por hora! Portanto, não nos devemos admirar que o tempo, relativamente, siga tão rápido também.
Voltando ao topo do assunto, o mês de junho se despede, e com ele, também se despede a quadra invernosa cearense, que foi uma das mais satisfatórias. Cá no meu recanto, o acumulado das chuvas, de janeiro a junho, supera mais de 500 milímetros, segundo o pluviômetro instalado no quintal. Na paisagem do semiárido, região da qual somos inquilinos, assistimos à transição do inverno para a estação da seca. E por isso, a caatinga ainda verdejante é uma atração para os olhos. O clima ainda refrigerado é uma dádiva. Porém, na iminência, está a chegada dos dias de sol escaldante, temperaturas altas e, segundo afirmam estudiosos, o fenômeno El Niño batendo uma vez mais à nossa porta. Em todo caso, é tudo uma questão de tempo.
Pedro Paulo Paulino