Lançado recentemente pelo Governo Federal, o programa Crédito do Trabalhador já movimentou R$ 8,9 bilhões em empréstimos para quase 1,6 milhão de trabalhadores formais. O dado foi divulgado nesta quarta-feira (30), véspera do Dia do Trabalhador. O programa é voltado a empregados celetistas, inclusive domésticos, rurais e vinculados ao MEI com direito ao FGTS.
A proposta do programa é oferecer empréstimos com juros mais baixos, por meio da modalidade consignada, substituindo dívidas com taxas elevadas, como cartão de crédito, cheque especial ou empréstimos pessoais sem garantia.
Segundo o Ministério do Trabalho, a maior parte dos contratos foi firmada por pessoas que ganham até quatro salários mínimos. Cerca de R$ 1,6 bilhão foi contratado por trabalhadores com renda entre um e dois salários mínimos, e outros R$ 2,7 bilhões por quem ganha até quatro. O objetivo é ampliar o acesso ao crédito com condições mais justas para públicos historicamente excluídos do sistema bancário tradicional.
Embora o avanço da inclusão financeira seja um passo importante, o crescimento acelerado da concessão de crédito precisa ser acompanhado com atenção. Isso porque, mesmo com juros mais baixos, o empréstimo continua sendo uma dívida e, para quem já compromete parte do orçamento com outras despesas fixas, pode se transformar em um novo ciclo de endividamento.
A taxa média de inadimplência no país ainda é considerada alta, especialmente entre famílias de baixa renda. O crédito consignado privado, mesmo com desconto direto em folha, pode comprometer a margem salarial do trabalhador e reduzir sua capacidade de consumo no curto prazo.
Além disso, a migração de dívidas antigas para o novo programa precisa ser bem orientada, evitando que o trabalhador apenas troque um problema por outro com prazo mais longo, mas sem resolver a origem do desequilíbrio financeiro.