Um relatório divulgado pela Controladoria-Geral da União (CGU) confirmou a gravidade das suspeitas que levaram à deflagração da Operação Sem Desconto, em parceria com a Polícia Federal. A auditoria, realizada entre abril e julho de 2024, revelou que milhares de aposentados e pensionistas do INSS podem ter sofrido descontos associativos não autorizados em seus benefícios, afetando diretamente a renda de milhões de brasileiros.
De 1.273 beneficiários entrevistados pela CGU em todo o país, 97,6% afirmaram que não autorizaram os descontos aplicados em seus benefícios. Além disso, 95,9% disseram sequer fazer parte de qualquer associação que justificasse a cobrança. Os relatos ainda apontam para a dificuldade em identificar os descontos nos extratos e o processo burocrático para solicitar o cancelamento.
Prejuízo recorrente e silencioso
Desde 2019, a CGU detectou um aumento expressivo nos valores descontados e no número de entidades envolvidas. Ao longo dos anos, o problema ganhou escala nacional, com expansão das reclamações e repasses cada vez maiores a entidades com acordos de cooperação técnica com o INSS.
A prática, considerada irregular, atinge em cheio a parcela mais vulnerável da população — aposentados e pensionistas que muitas vezes contam com cada centavo do benefício para despesas básicas como alimentação e medicamentos.
Medidas urgentes
Com base nas conclusões da auditoria, a CGU recomendou uma série de ações ao INSS, incluindo:
– Bloqueio imediato de novos descontos associativos
– Revisão dos acordos com entidades que apresentaram risco elevado de cobrança indevida
– Reforço na transparência e controle das autorizações
– Inclusão dos documentos dos acordos em plataformas de acesso público
Além disso, a CGU notificou a Polícia Federal para aprofundar as investigações, o que resultou na operação realizada nesta quarta-feira (23), que mira as entidades e esquemas responsáveis pelas cobranças.