Em 2023, o Brasil registrou cerca de 9,1 milhões de jovens de 15 a 29 anos que abandonaram a escola sem concluir a educação básica, segundo dados divulgados pelo IBGE. O grupo é composto por 515 mil jovens de 15 a 17 anos, 4,5 milhões de 18 a 24 anos e 4,1 milhões de 25 a 29 anos.
Desigualdades no abandono escolar
Entre os jovens que deixaram a escola sem completar a educação básica, a maioria (63,7%) não chegou ao ensino médio incompleto. Destes:
- 39,4% não concluíram o ensino fundamental;
- 24,3% terminaram o ensino fundamental, mas não ingressaram no ensino médio.
O grupo de 15 a 17 anos foi o mais afetado, com 78,5% não atingindo sequer o ensino médio incompleto. Já entre os jovens de 18 a 24 anos, que poderiam ter finalizado o ensino médio, 59,6% abandonaram a escola antes de completar essa etapa.
Fatores do abandono escolar
Os motivos para o abandono escolar revelam diferenças entre gêneros:
- Mulheres:
- Gravidez (23,1%);
- Afazeres domésticos ou cuidado de dependentes (9,5%).
Essas razões somaram 32,6%, superando fatores como necessidade de trabalhar (25,5%) e falta de interesse (20,9%).
- Homens:
- Necessidade de trabalhar foi o principal motivo, representando 53,5%.
- Afazeres domésticos e cuidados foram pouco mencionados (0,8%).
Comparação internacional: Brasil distante da média da OCDE
O desempenho educacional brasileiro em 2023 ficou muito abaixo da média de países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE):
- Ensino médio:
- 40,1% da população brasileira de 25 a 64 anos não concluiu essa etapa, mais que o dobro da média da OCDE em 2022 (19,8%).
- O Brasil ficou atrás de países latino-americanos como Colômbia (37,9%), Argentina (33,5%) e Chile (28,0%).
- Ensino superior:
- Apenas 21,3% da população brasileira de 25 a 64 anos tinha diploma de ensino superior em 2023, metade da média da OCDE (40,4%).
- Entre jovens de 25 a 34 anos, o percentual foi de 23,7%, ainda distante da média da OCDE (47,2%) e de países vizinhos como México (27,1%), Colômbia (34,1%) e Chile (40,5%).
Os dados reforçam a urgência de políticas públicas que combatam a evasão escolar e promovam o acesso e a permanência na educação, com foco em reduzir desigualdades de gênero e melhorar o desempenho educacional do Brasil no cenário global.